Ainda “tímido”, autoatendimento é tecnologia que vai da marmita ao bar
Enquete do Campo Grande News mostra que a maioria prefere ser atendida por pessoas do que máquinas
Diante das poucas opções em Campo Grande, o autoatendimento ainda passa longe de ser a modalidade preferida dos clientes.
Na enquete do jornal sobre se você prefere ser atendido por máquina ou gente? A maioria (74%) optou pelo ser humano, enquanto 26% votaram na tecnologia. Mas, com avanço dos sistemas, que barateiam custos ao substituir mão de obra humana, as facilidades do autoatendimento se espalham da compra no supermercado à marmita.
De portas abertas desde 1996 na Rua Santana, perto da Avenida Eduardo Elias Zahran, no Jardim TV Morena, o restaurante Morena Grill investiu R$ 4 mil, mais mensalidade de R$ 580, num sistema em que o cliente escolhe o tamanho da marmita e a comida que deseja em tablets fixados na parede, logo na entrada. Na sequência, a máquina transfere os dados para um cartão, que é pago no caixa.
Segundo a proprietária Josilene Garcia Martins, o objetivo é que, futuramente, o pagamento seja direto no tablet, eliminando mais uma etapa de atendimento presencial. O autoatendimento faz com que o restaurante funcione com estrutura enxuta: são nove funcionários. Caso não tivesse os tablets e o sistema, seriam necessárias mais sete pessoas para receber os pedidos. Hoje, um funcionário auxilia quem tem dúvidas.
“O cliente chega, olha o tamanho da embalagem que quer, clica no tablet e seleciona o que vai querer dentro da marmitex. É personalizado, não são as marmitex surpresa. Cada um escolhe o seu cardápio. Quando eu trabalhava fora, odiava comprar marmitex pronto e não gostava de nada daquilo que era servido. O cliente tem a comodidade de personalizar o cardápio, não vai o que o cliente não gosta. Eu fidelizo mais e tem a questão da rapidez”, afirma Josilene.
Farmacêutica, ela assumiu em 2008 o restaurante que foi aberto pelo pai e saiu em busca de tecnologia. Dos eventos em São Paulo, trouxe ainda o sistema automatizado da balança, que também não tem operador humano.
Basta colocar o prato que o tíquete é emitido. Se o valor da comida por quilo for maior do que o buffet livre, a máquina já escolhe a segunda opção, mais vantajosa para o cliente. Antes, essa etapa ficava a cargo do robozinho Mogô, que fazia sucesso ao cumprimentar o público, mas ele estragou e foi aposentado.
“Eu procuro novidades. Todo mundo tem comida, mas eu tenho que ter um diferencial”, diz a proprietária. O restaurante serve até 300 refeições por dia.
Por volta das 11h, o cheiro bom da comida se espalha pelo ar e a clientela não tarda a chegar. O eletricista Christian Deyvid, 24 anos, conta que no primeiro dia teve dúvidas sobre como fazer o pedido. “Agora já acostumei e é fácil de usar”.
Erick Renato, 18 anos, ajudante de eletricista, diz que o sistema é bem mais rápido. “Seria bom se tivéssemos essa tecnologia em mais lugares, porque já estamos em 2024”.
Entusiasta das novas tecnologias, o militar da reserva Volney Oliveira, 64 anos, é frequentador assíduo do restaurante e conta que sugere a outros locais que adotem o autoatendimento. “Aqui é o caseiro moderno. É o melhor sistema que tem. Mas em Campo Grande ainda tem poucas opções”, diz Volney, antes de garantir a dobradinha do almoço.
Das férias em Maceió ao bar da Bom Pastor - A bancária aposentada Vera Brites trouxe de uma viagem a Maceió (Alagoas), no ano no de 2021, o modelo de autoatendimento que adotou no Veras Bar, o estabelecimento comercial que tem em sociedade com o filho na Avenida Bom Pastor.
“No primeiro bar que eu entrei, vi esse sistema e quis trazer para Campo Grande. Aí entrei em contato com os donos do programa”, diz Vera. Ela conta que a tecnologia logo caiu no gosto dos clientes. “Muitos vêm aqui pelo atendimento ser rápido".
A pessoa entra e retira uma comanda. Antes, um funcionário preenche os dados e atribui o número. Depois, é colocado um tablet na mesa com o sistema já aberto. Aí, a pessoa acessa o cardápio, seleciona o pedido e o confirma colocando a comanda QR code.
Em dias de semana, o bar tem dois funcionários, que são os bandejeiros (somente retiram os pedidos). No final de semana, quando a lotação dobra de 100 para 200 clientes, chegam a ter 10 funcionários.
O engenheiro civil Thiago Maganha, 31 anos, é frequentador do bar desde o começo. O Veras Bar abriu as portas em 7 de outubro de 2020. "Eu gosto muito do atendimento aqui, é muito rápido. Venho sempre acompanhado pela família, namorada e amigos. O sistema é fácil e tranquilo para usar. E cada um tem comanda individual”.
No local pela primeira vez, a confeiteira Lurdes Maris, 59 anos, precisou de ajuda no autoatendimento. Depois, aprovou. “É um sistema legal, vim aqui porque meu sobrinho estava tocando. Gostei".
Supermercado sem fila – No Comper Itanhangá, nove unidades de autotatendimento é opção para passar as compras sem enfrentar filas. Em geral, a modalidade é escolhida por quem tem pressa e está com poucos produtos.
Aline Caroline Cordeiro, 37 anos, design de interiores, vai ao supermercado quase todo dia e já se habitou com o sistema. “Acho fácil e mais prático. Não tem fila. Quando é pouco produto passo aqui”, diz. Ela também utiliza o autoatendimento em lojas de roupas.
“Prefiro o autoatendimento. É mais rápido e não tem fila aqui”, diz Camila de Lima Varela, 27 anos.
A jornalista Isabella Baroni, 34 anos, destaca a agilidade do modelo. “Prefiro o autoatendimento pela agilidade e acho o sistema fácil aqui no Comper”.
“É super bem aceito, os clientes adoram. É prático, fácil e simples”, afirma Luiz Carlos Narciso, gerente do supermercado. Um funcionário auxilia em caso de dificuldade.
Tendência – Presidente da Abrasel-MS (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), João Francisco Fornari Denardi, a tendência é de uso de novas tecnologias no setor para conseguir um atendimento mais ágil. Como, por exemplo, nas redes de fast-food, que têm totens para o cliente fazer a compra. “Muitas vezes, você não vai substituir um funcionário, mas vai dar agilidade, desafogando aquela fila”.
Para João Francisco, o uso da tecnologia depende do produto e também do perfil do cliente. Porque, às vezes, o atendimento, incluindo aquele bate-papo com o garçom, faz com que a pessoa permaneça por mais tempo e até consuma mais.
“A mudança de comportamento veio principalmente com os jovens. Que vão se tornar os novos consumidores. Eles preferem um atendimento mais rápido, mais dinâmico, muitas vezes acessando pelo celular”, afirma o presidente da Abrasel-MS. O setor tem 25 mil empresas em Mato Grosso do Sul.
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