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Educação e Tecnologia

Alunos da UFMS são intimados pela PF por protesto contra corte de verbas

Cerca de 60 alunos seriam alvos de inquérito e defesa classifica atitude como abusiva

Tainá Jara | 13/02/2020 16:06
Alunos da UFMS são intimados pela PF por protesto contra corte de verbas
Bloco 6 ocupado pelos alunos durante o mês de setembro em reação ao program Future-se do governo federal (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)

Alunos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) foram intimados a depor na Polícia Federal por participarem de mobilizações contra o corte de verbas no orçamento, no ano passado. Em duas ocasiões, uma em maio e outra em setembro, a unidade VI, do campus de Campo Grande, foi ocupada pelos estudantes diante dos anúncios feitos pelo governo federal.

O advogado Lairson Palermo, responsável pela defesa de cinco estudantes intimados a depor, classificou a denúncia como abusiva. O inquérito aberto apura crime de dano ao patrimônio público e envolve quase 60 estudantes.

Conforme a defesa, a lista foi encaminhada pela UFMS à Polícia Federal sem nem mesmo a conclusão do processo administrativo interno, aberto pela instituição para apurar os responsáveis pelo ato. “A Constituição Federal protege manifestações pacíficas”, destacou o advogado.

Os alunos chamados para depor foram identificados por imagens de câmeras de segurança e alguns até tem registro de presença em aula nos horários das mobilizações. “Envolve até mesmo alunos que só passaram pelo local”.

As intimações começaram a ser feitas em dezembro do ano passado por meio eletrônico.
Palermo destaca que durante a ocupação, ocorrida entre 13 e 15 de maio do ano passado, o próprio oficial do Justiça, responsável pela ação de reintegração de posse, não constatou qualquer depredação ao patrimônio público.

Na época, os estudantes chegaram a enviar nota à Reitoria da universidade na qual confirmam a desocupação do bloco 6 da universidade. Em setembro, a ocupação ocorreu entre os dias 24 e 29 de setembro e energia elétrica chegou a ser cortada pela administração da UFMS.

A defesa afirma que vai entrar com pedido de danos morais e materiais aos estudantes. “Estão sendo indiciados injustamente, sem fundamento legal”, afirmou.

Alunos da UFMS são intimados pela PF por protesto contra corte de verbas
Alunos receberam ordem de reintegração de posse durante ocupação (Foto: Arquivo/
Alunos da UFMS são intimados pela PF por protesto contra corte de verbas
Alunos realizam limpeza das salas do bloco antes de desocuparem o espaço (Foto: arquivo/Henrique Kawaminami)

Corte e Future-se – As manifestações dos estudantes ocorreram em reação às medidas anunciadas pelo governo federal.

Em maio, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, informou sobre o corte de gastos de R$ 29 milhões, além de R$ 51 milhões bloqueados de emendas parlamentares. O montante representava mais de 50% do orçamento e foi o segundo maior corte do País, entre as universidade.

Com os protestos diante do corte nas instituições de ensino públicas, o governo Federal voltou atrás e recompôs o orçamento meses depois, à conta gotas.

Em setembro, a manifestação ocorreu na UFMS diante da possibilidade de adesão da instituição ao programa Programa Universidade e Institutos Empreendedores e Inovadores - Future-se.

Basicamente, a proposta consiste adquirir receitas adicionais nas universidades e institutos federais por meio de investimentos privados nas instituições públicas. A proposta foi criticada por conter pontos obscuros.

UFMS – Em nota, a UFMS afirmou que não comenta sobre o andamento de processos administrativos internos e que tem obrigação “de encaminhar todas as informações para a Justiça Federal, a Polícia Federal e a Advocacia Geral da União, para conhecimento e providências pertinentes”.

Nesse caso, a Justiça Federal concedeu mandado de reintegração de posse para a desocupação do bloco 6. “Durante o período que o espaço foi interditado, menos de 40 alunos impossibilitaram as aulas de mais de 5 mil estudantes, o que demonstra prejuízo às atividades de ensino”.

A instituição afirma que é favorável às manifestações de entidades representativas de docentes, técnicos e estudantes que sejam em defesa da Universidade pública, gratuita e de qualidade. Entretanto, é contrária a manifestações baseadas em ocupação e/ou restrição ao uso de salas e laboratórios.

A Polícia Federal não se manifestou até o fechamento da reportagem. 

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