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Educação e Tecnologia

Cientista de MS encontra espécie rara de mosca "desaparecida" há 74 anos

Com ajuda de pesquisador da Argentina, professor da UFMS foi a campo na Cordilheira dos Andes

Gabrielle Tavares | 06/11/2022 16:23
Espécies raras de moscas encontradas após 70 anos. (Foto: Divulgação/UFMS)
Espécies raras de moscas encontradas após 70 anos. (Foto: Divulgação/UFMS)

Espécie rara e primitiva de moscas, Descoleia teretrura, vivem na região da margem leste da Cordilheira dos Andes, localizada na costa oeste da América do Sul, mas não eram vistas há 74 anos. O sumiço chegou ao fim graças aos pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e do Crilar (Centro Regional de Investigaciones Científicas y Transferencia Tecnológica de La Rioja), na Argentina.

O diretor do Inbio (Instituto de Biociências) da UFMS, Ramon Mello participou do caça às moscas ao lado do argentino Segundo Campero. Munidos de uma rede especial, passaram três semanas procurando as espécies com ajuda de uma fruto específico que as larvas se alimentam.

O fruto é sazonal, então a pesquisa podia ser feita apenas durante o período chuvoso dos Andes. O esforço foi recompensado e os cientistas conseguiram coletar 10 amostras da espécie.

“Até então somente dois exemplares dessa espécie eram conhecidos para a ciência, um indivíduo macho coletado no ano de 1929 e uma fêmea em 1948. Somente no ano de 1956, a espécie foi formalmente descrita e nomeada. Desde então, nenhum outro exemplar foi encontrado, permanecendo um mistério para os entomologistas, que são os cientistas que estudam os insetos”, explicou Mello.

Pesquisadores Ramon Mello e Segundo Campero. (Foto: Divulgação)
Pesquisadores Ramon Mello e Segundo Campero. (Foto: Divulgação)

Entre as características que tornam espécie rara, está a cor do inseto, uma mistura de preto com alaranjado. Agora, elas são analisadas nos laboratórios da UFMS e, através do sequenciamento do material genético dos insetos, será possível desvendar a origem evolutiva do grupo de moscas.

O diretor também destacou que as análises vão permitir maior conhecimento sobre a fauna da região da Cordilheira, além de detalhar a evolução de toda a família a qual essa espécie de mosca pertence.

“Desde que voltei da viagem, fiz fotos de microscopia eletrônica de varredura de indivíduos adultos, larvas e ovos das moscas. Em parceria com um pesquisador da Austrália iniciamos o sequenciamento molecular do DNA”, apontou.

Neste mês, Mello vai voltar para a Argentina à procura de outras moscas da região. Com base nos resultados iniciais, o objetivo é propor uma hipótese de relacionamento evolutivo entre os membros da família Pyrgotidae.

Parceria - A descoberta das moscas raras marcou o início de um trabalho que vai render bons resultados para a comunidade científica do Estado. A parceria entre Inbio e Crilar pode abrir possibilidade de intercâmbio para estudantes e pesquisadores.

“Para o ano de 2023, esperamos receber estudantes do Crilar para desenvolverem estágio no Inbio”, completou Mello.

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