Com portal de periódicos fora do ar, pesquisadores cobram ação da UFGD
Há nove dias o acesso a qualquer produção científica dos cursos da UFGD está impedido
Um suposto ataque hacker tirou do ar o portal de periódicos da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), a 233 quilômetros da Capital. Há nove dias o acesso a artigos, trabalhos acadêmicos, pesquisas e qualquer outra produção científica dos cursos da universidade está completamente impedido.
Como se não bastasse o problema os docentes da instituição, se queixam da falta de um posicionamento da reitoria da UFGD. A direção não teria se manifestado sobre a queda do sistema e sequer há uma previsão de retomada do portal.
Coordenador do curso de Direto da universidade, o professor doutor Tiago Botelho, conta que só neste ano o portal de periódicos ficou fora do ar por pelo menos três vezes. Há tempos os professores cobram maior investimento por parte da reitoria, na proteção do sistema para evitar que as instabilidades comprometam a credibilidade do portal.
As melhorias necessárias vão desde a compra de software para verificação de plágios, equipe própria para garantir a periodicidade de publicações e, principalmente, atualização do sistema em que o portal está hospedado. Os pedidos, entretanto, teriam sido ignorados pela coordenação da EDUFGD (Editora da Universidade Federal da Grande Dourados) e pela reitoria.
“Virou rotina a invasão de hackers e a universidade não está dando conta de solucionar o problema. Todas os periódicos estão comprometidos e a reitoria não consegue explicar o que ocorreu, o que esta sendo feito para resolver e impedir que novos ataques ocorram”, conta Tiago, que também é editor da Revista Videre da UFGD, segundo melhor veículo de divulgação científica sobre Direito da região Centro-Oeste.
Com o portal inoperante, não é possível consultar ou publicar novos trabalhos de pelo menos 19 cursos da UFGD. No período em que o sistema está fora do ar, explica Tiago, os editores dos periódicos também são sobrecarregados por inúmeros e-mails de autores de todo o país, cobrando um posicionamento a respeito da situação da revista e dos trabalhos enviados para publicação no portal.
Conforme Botelho, há uma especulação extraoficial de que o portal de fique fora do ar pelos próximos dois meses. “É a morte dos periódicos, da produção científica dos cursos da UFGD. Isso significa que em dois meses nenhum artigo da universidade vai ser citado em nenhuma publicação”, se queixa.
A queda do sistema também ocorre no contexto de polêmicas envolvendo o corpo docente, estudantes e a reitoria da universidade. Desde o início do ano quem está à frente da UFGD é o reitor pro-tempore, chamado de “interventor” pelos colegas, Lino Sanabria. Ele foi nomeado pela gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), que ignorou o resultado da lista tríplice da eleição interna para reitor da instituição.
Diante da situação o fórum de editores de periódicos da UFGD encaminhou um memorando – o terceiro desse ano a respeito da instabilidade nos periódicos – ao reitor pro-tempore e ao coordenador da EDUFGD, Givaldo Ramos da Silva Filho, cobrando explicações sobre a queda do sistema.
A reportagem também entrou em contato com a UFGD, via assessoria de imprensa, questionando quais medidas estão sendo tomadas para restabelecimento do portal e se há algum prazo de quando ele será normalizado. O Campo Grande News aguarda retorno.