De meio ambiente a vício em apostas, professores arriscam temas da redação
Além de selecionar possíveis temas da redação do Enem, eles também dão dicas de como trabalhar o texto
Consideradas umas das áreas de conhecimento mais desafiadoras pelos alunos, a redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) sempre rende especulação entre vestibulandos e professores que tentam acertar qual será o tema do ano. Em Campo Grande, três professores de redação revelam quais são suas apostas para essa edição e dão dicas de como desenvolver o tema.
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Com o Enem se aproximando, professores de redação de Campo Grande analisam os possíveis temas que podem cair na prova, com foco nas áreas de meio ambiente, educação, tecnologia e comportamento. A crise climática, a educação inclusiva, a inteligência artificial e a dismorfia são alguns dos temas mais cotados. Os especialistas recomendam aos estudantes que se preparem para o desenvolvimento de um tema, analisando a coletânea de apoio, elaborando uma tempestade de ideias e elaborando uma proposta de intervenção bem fundamentada. A dica principal é estar atento aos comandos da prova, que podem direcionar o tema para um enfoque específico.
Professora do pré-vestibular do Refferencial, Lorhaine Felipe do Amaral tem seis sugestões que podem cair no domingo (3). Entre eles, ela comenta que a pauta ligada ao meio ambiente se destaca. “Acho que é um tema meio pesado porque vai criticar muito o governo, mas acaba sendo o mais cotado para 2024”, afirma.
Além do tema relacionado às questões climáticas, a professora também acredita que outros têm potencial. Na área da educação, ela sugere bullying, evasão escolar, tecnologia na educação e desafios da educação inclusiva. Sobre tecnologia, bons temas podem ser sobre a inteligência artificial, filtros do Instagram e a dismorfia.
Já no eixo de comportamento, ela sugere o aumento dos procedimentos estéticos no País. Para completar tem a área social com a inclusão de ex-detentos no mercado de trabalho, na saúde sobre obesidade infantil e saúde preventiva.
Para ajudar a desenvolver o texto, a professora Lorhaine separou algumas dicas, sendo a primeira delas iniciar a prova do Enem pela redação com o objetivo de otimizar o tempo. Antes de começar a escrever, ela sugere que os vestibulandos deem uma boa lida na coletânea de apoio para auxiliar na construção de ideias, elaborar uma “tempestade” de ideias e filtrar as mais pertinentes e em seguida desenvolver o texto na redação.
Demais dicas incluem propor uma discussão sólida e com embasamento em leituras; elaborar uma proposta de intervenção adequada ao texto produzido; reler o rascunho e passar a limpo respeitando a norma padrão e a estética textual.
Outra professora que coloca questões ambientais na lista de temas pertinentes é a professora de redação da Escola Harmonia, Graciela Graneto. Além desse, ela comenta outros que podem aparecer no domingo.
“Acredito que temas que relacionam questões ambientais à desigualdade social, como racismo ambiental, são pertinentes. Capacitismo e etarismo também são discussões que poderiam compor a prova. Na verdade, o que sabemos é que as frases temáticas trazem problemas, desafios enfrentados pela sociedade brasileira”, completa.
Professor de redação do Colégio Nota 10, Cadu Silva destaca que desde 2011 o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) tem adotado os eixos temáticos de cultura e sociedade para trabalhar o tema da redação. “E os que mais caíram nos últimos quatro anos foram direito e cidadania, inclusive no ano passado com a questão da mulher”, explica.
A dica de ouro que o professor dá para aqueles que vão realizar a prova no domingo é se atentar não somente à temática, mas sim aos “comandos”. Se aprofundando no assunto, Cadu explica que os comandos são as pequenas palavras estratégicas que delimitam o tema e como funcionam na prática.
“A questão climática a maioria dos professores trabalharam durante o ano, mas o modo como o Inep vai colocar é tipo: ‘Efeitos da crise climática para as gerações futuras’. O aluno tem que entender que além do assunto, ele também precisa tomar muito cuidado em relação ao modo como ele quer trabalhar com a frase tema. Nos ‘Efeitos da crise climática para as gerações futuras’ é para falar sobre os efeitos para o futuro”, esclarece.
Em relação aos assuntos que podem aparecer na redação, Cadu apresenta algumas ideias. “A primeira delas é a educação inclusiva e isso tem a ver com direito constitucional, a nova LBI (Lei Brasileira de Inclusão) que recomenda que as pessoas possam ser tratadas de forma igualitária. Aqui a gente está falando sobre o tratamento aos deficientes físicos na escola, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e autismo”, afirma.
A educação financeira é outra proposta interessante na visão do professor, pois na atualidade 85% das famílias brasileiras estão endividadas e a falta de gestão financeira compromete boa parte da renda familiar. “O tema seria alguma coisa como ‘Desafios para implementação da educação financeira no atual modelo educacional brasileiro’”, comenta.
Insegurança alimentar, avanço da inteligência artificial e o vício em apostas online são outros temas em alta sugeridos por ele. Em relação ao último, Cadu defende que o foco seria a questão psicológica e social.
Cadu reforça que o Inep pode criar qualquer coisa, como racismo estrutural e ambiental. Então, o aluno deve ficar atento às palavras chaves que aparecem vinculadas ao tema no dia do Enem.
Em Mato Grosso do Sul, 51.199 realizam no domingo (03) a primeira etapa do Enem. No dia, os vestibulandos encaram 45 questões de linguagens, 45 questões de ciências humanas e redação. Já no dia 10 de novembro é a vez das ciências exatas e ciências da natureza.
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