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Educação e Tecnologia

Educação domina ranking de piores remunerações do setor privado no Brasil

Professores de educação infantil recebem o salário médio mais baixo entre todos com ensino superior

Por Jhefferson Gamarra | 18/10/2023 13:58
Alunos dentro em escola particular de Campo Grande (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Alunos dentro em escola particular de Campo Grande (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Pesquisa recente conduzida pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getulio Vargas) trouxe à tona uma dura realidade enfrentada por profissionais da educação no Brasil. Segundo o estudo, professores de educação infantil recebem o salário médio mais baixo entre todos os profissionais com ensino superior no país, com uma remuneração média real de apenas R$ 2.285, o que equivale a menos de dois salários mínimos (R$ 2.640).

O estudo baseou-se em uma análise de 126 profissões listadas na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A pesquisa utilizou como filtro o recorte de trabalhadores do setor privado com ensino superior e comparou os dados de rendimento médio do segundo trimestre de 2012 e do segundo trimestre de 2023.

Além de destacar a situação precária dos professores de educação infantil, a pesquisa revela que a educação domina o top 10 das piores remunerações para profissionais diplomados no país. Ao lado dos professores de educação infantil, estão no ranking outros profissionais ligados à educação, como outros profissionais de ensino (R$ 2.554), da educação especial (R$ 3.379) e do ensino fundamental (R$ 3.554).

Veja abaixo o quadro que ilustra as remunerações dessas profissões e sua variação:

Profissão

Salário Médio

Professores do ensino pré-escolar

R$ 2.285

Outros Profissionais de ensino

R$ 2.554

Outros professores de artes

R$ 2.629

Físicos e astrônomos

R$ 3.000

Assistentes sociais

R$ 3.078

Bibliotecários, documentaristas e afins

R$ 3.135

Educadores para necessidades especiais

R$ 3.379

Profissionais de relações públicas

R$ 3.426

Fonoaudiólogos e logopedistas

R$ 3.485

Professores do ensino fundamental

R$ 3.554

O estudo apontou que, em um período de 11 anos, os salários dos professores de educação infantil ficaram praticamente estagnados, com um aumento real (descontada a inflação) na remuneração média de apenas 3%. Esses profissionais são classificados pelo IBGE como professores de ensino pré-escolar.

Além disso, o levantamento revela que algumas profissões enfrentaram uma queda acentuada na remuneração em relação a 2012. Por exemplo, o salário médio da categoria outros professores de arte caiu 45%, enquanto o de bibliotecários, documentaristas e afins encolheu 32%.

Segundo a pesquisadora Janaína Feijó, que conduziu o estudo, a classe enfrenta uma oferta de trabalhadores maior do que a demanda do mercado, o que contribui para a manutenção de baixos salários. A falta de especialização também é um problema adicional para esses profissionais.

“Geralmente, professores que ganham em média esses valores são pessoas em início de carreira, sem especialização e que tendem a trabalhar em escolas pequenas, com menor poder de aumentar o salário”, observou a responsável pelo estudo.

A pesquisadora observa ainda que, em contraste, professores que atuam em instituições públicas geralmente têm políticas de incentivo para se aprimorar por meio de mestrados e doutorados, o que pode aumentar suas chances de obter uma remuneração melhor.

A baixa remuneração força muitos professores de escolas privadas a buscar empregos em mais de uma instituição, o que resulta em sobrecarga de trabalho. Isso não apenas afeta a saúde física e mental dos professores, mas também prejudica a qualidade do ensino para os alunos.

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