Força feminina no turismo em território quilombola é tema de pesquisa
Trabalho de iniciação cientifícia foi realizada na comunidade das Furnas do Dionísio, em Jaraguari
Projeto de iniciação científica da Esan (Escola de Administração e Negócios) estuda o protagonismo das mulheres para consolidar o TBC (Turismo de Base Comunitária) no território quilombola de Furnas do Dionísio, em Jaraguari, a 47 quilômetros de Campo Grande.
O olhar empreendedor da associação fez parte de reportagem especial feita pelo Campo Grande News, em fevereiro deste ano. A associação, comandada por mulheres, quer fomentar o ecoturismo e ainda conta com a força das mais velhas, como Lurdete Santos Silva, 63 anos, a dona Dete, que mantém a produção de farinha e rapadura ativa.
“São elas que lideram a associação local, são elas que estudam, são elas que abrem caminho para os jovens da comunidade, sem perder a ancestralidade e o respeito dos mais velhos. Principalmente, são elas que priorizam a identidade e o pertencimento, fazendo com que a luta pela continuidade das comunidades quilombolas seja sustentável”, relata a professora da Esan e orientadora do trabalho, Denise Barros de Azevedo.
Para a realização da pesquisa, foram feitas entrevistas com empreendedoras da comunidade, além de observação e visita local, que permitiram o levantamento do perfil das protagonistas, características do negócio, mecanismos de atração do turista e a sustentabilidade do negócio. O trabalho evidenciou que o turismo de base comunitária realizado em Furnas do Dionísio é fundamentado na vida no campo, experiência gastronômica e atividades na natureza, protagonizado em especial por mulheres.
Em Furnas do Dionísio, as visitas turísticas são agendadas, podendo ser acompanhadas de história oral, contadas pelos mais antigos, que se lembram como os “troncos velhos” formaram a comunidade.
A associação fomenta o ecoturismo, com trilha e banho de cachoeira, além de proporcionarem refeição no tacho.
A estudante do Curso de Turismo e integrante do projeto de iniciação científica, Valéria Oliveira, diz que a pesquisa revelou que existem barreiras para as mulheres envolvidas no empreendimento. “Por gerações as mulheres são inovadoras no que tange ao empreendedorismo, mas a liderança feminina exerce um protagonismo marcado pela invisibilidade. Apesar de uma atuação preponderante nas decisões, a mulher para se fazer ouvir tem que se manter no anonimato”, relata.
A comunidade foi formada a partir de 1890, com a chegada do escravo liberto Dionísio Antônio Vieira e da mulher, Joana Luísa de Jesus, vindos de Minas Gerais.
Dionísio chegou ao sul do então Mato Grosso uno em 1890, tendo como primeira parada a região onde hoje é a Comunidade Quilombola Tia Eva, em Campo Grande. Depois, ele seguiu viagem, fazendo reconhecimento da área e chegou onde hoje é a área de Furnas do Dionísio.
Dionísio e Joana trabalhavam na roça e ela ainda cuidava dos nove filhos. Entre 1917 e 1918, o patriarca recebeu a escritura documental definitiva da compra de área ocupada por sua família.
Depois da morte do casal, na década de 1930, as terras foram divididas entre os filhos, que também se casaram, formando famílias e fazendo aumentar a comunidade.
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