MS tem o melhor ensino técnico para mães com ensino médio do país
Disparidades socioeconômicas continuam a ser um obstáculo significativo, com reflexos diretos nas juventudes
O Itaú Educação e Trabalho, em parceria com os pesquisadores Alysson Portella e Thiago Patto, lançou na última quinta-feira (7) a pesquisa “Democratização da EPT no Brasil: Análise sobre a oferta considerando raça, gênero, condição socioeconômica e local de residência”.
O estudo revela importantes desafios para a democratização da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) no País, com foco nas desigualdades regionais e socioeconômicas, e traz um olhar atento sobre Mato Grosso do Sul, que foi destaque com o menor e melhor índice de nível socieconômico no recorte baseado em estudantes com mães que estudaram somente até o fim do ensino fundamental. Confira abaixo.
A pesquisa utilizou o Índice de Representação Descritiva (IRD), indicador que mede a equidade de acesso à EPT, com o objetivo de identificar possíveis desequilíbrios na distribuição de matrículas por raça, gênero, e condição socioeconômica. Os resultados apontam que, embora a oferta de EPT no Brasil seja equilibrada em termos de raça e gênero, as disparidades socioeconômicas continuam a ser um obstáculo significativo, com reflexos diretos nas juventudes de diferentes regiões.
Em relação à distribuição por raça, a pesquisa revelou que o IRD geral de matrículas em EPT no Brasil é de −5,1, o que indica um “equilíbrio relativo”. No entanto, quando analisado por região, o Centro-Oeste destaca-se com um desequilíbrio maior, com o IRD da rede estadual de −12,9.
Isso significa que a população negra, parda e indígena, especialmente, ainda enfrenta desafios significativos para acessar cursos de formação profissional na região, em comparação com os estudantes brancos.
Já no que tange ao gênero, a pesquisa mostra que as mulheres estão mais concentradas em áreas como saúde, turismo e produção cultural, enquanto em campos como controle e processos industriais, elas estão sub-representadas.
No Centro-Oeste, o desequilíbrio de gênero na rede estadual foi de −5,2, um número expressivo que sugere a necessidade de mais políticas de incentivo à participação feminina em áreas predominantemente masculinas.
Um dos pontos mais críticos do estudo é o alerta sobre a desigualdade socioeconômica, especialmente entre estudantes cujas mães possuem até o ensino fundamental completo. Esses alunos, provenientes de famílias com menor nível socioeconômico, estão sub-representados em todas as regiões, e o desequilíbrio é mais acentuado no Sul e no Sudeste. No Centro-Oeste, a desigualdade também é visível, e a pesquisa destaca a importância de estratégias específicas para atender a esse público.
O estudo também observa que, apesar do avanço na expansão da EPT, a qualidade da oferta precisa ser acompanhada de um planejamento cuidadoso, que considere as especificidades regionais e socioeconômicas dos estudantes. Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho, reforça que a ampliação da oferta de EPT deve garantir a equidade, promovendo uma verdadeira transformação social e econômica para as juventudes, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade.
Com base nos dados do Censo Escolar de 2019, da PNAD Contínua e do Saeb, o estudo projeta que, nos próximos dez anos, o Brasil poderá alcançar um avanço significativo na oferta de EPT. Para que esse crescimento seja efetivo e beneficie a todos de forma igualitária, será fundamental que gestores estaduais adotem medidas para diminuir as desigualdades, com foco nas juventudes mais vulneráveis.
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