Maioria torce nariz, mas leitores também concordam que banheiro neutro é fato

Enquete do Campo Grande News terminou com 76% dos leitores contrários à instalação de banheiros neutros em prédios públicos, além de 24% favoráveis. A pergunta foi feita após a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) ter reservado espaços sem gênero, onde qualquer indivíduo pode usar, como forma de evitar certos tipos de violência.

Em reportagem publicada nesta manhã pelo Lado B, destaca-se que esta decisão foi uma conquista para acadêmicos que, desde o ano passado, fizeram mobilização e reivindicaram o pedido diretamente à SEAE (Secretaria de Assistência Estudantil).

Os quatro banheiros neutros, que visam atender pessoas de todos os gêneros e aquelas que não se identificam com nenhum (não binárias), foram adaptados em blocos diferentes da instituição. As estruturas, que já existiam na UFMS, ganharam placas indicativas somente há duas semanas.

Mesmo que o resultado da votação tenha sido este, a realidade vista nos comentários deste jornal traz algumas particularidades, mesmo entre os que se dizem contrários.

Muitos reconhecem que tais lugares seriam benéficos à parte da população e que uma das alternativas seria haver esta opção, mas também manter banheiros femininos e masculinos.

A leitora Suzana Rita comenta que a existência de banheiros sem gênero não vai influenciar sua vida. "Não vejo motivo pra achar bom ou ruim. As pessoas precisam parar de procurar problemas onde não tem."

"Se vai ter o feminino, masculino e o neutro, não vejo problema. Cada um vai onde lhe convém."

A leitora Lu Velasques também concorda com esta alternativa, como forma de garantir acesso e espaço a todas as pessoas. "Vai ficar melhor para as pessoas que se sentem constrangidas."

A Lucia Lara Lima comenta que há coisas mais importantes a serem discutidas, para além da definição de banheiros. "Gente, nós temos tantos problemas na vida, acho que se cada um cuidar da sua vida, já está de bom tamanho, cada um que entre no banheiro que se sinta melhor."

Banheiro neutro - Espaços unissex, sem gênero ou de gênero neutro visam reduzir discriminação a pessoas trans, não binárias ou intersexo, que não são enquadrados ou aceitos pela sociedade em geral em locais destinados a homens ou mulheres.

Vale ressaltar que estes ambientes já são realidade em diversos lugares do Brasil e do mundo há anos.

Em reportagem do portal Uol, o sociólogo e membro da Abrai (Associação Brasileira de Intersexos), Amiel Vieira, explicou que esta seria forma de reduzir violências, além de não haver comprovação que estes locais provocariam constrangimento a mulheres cis, já que ambientes domiciliares, por exemplo, são os que trazem maior perigo a este grupo.

"Muitas vezes, a violência que sofremos no banheiro é mais mental do que física, porque esse espaço não é visto para você [pessoa trans], que não pode estar em nenhum dos dois lugares, porque não se adequa aos padrões do que é lido como homem ou mulher", disse Vieira.