Com jogos indefinidos, equipes tentam driblar 'desgaste' e ansiedade
O veto do Ministério Público Estadual para a realização de jogos no estádio Morenão fez com que se criasse um imbróglio logo no início do Campeonato Sul-mato-grossense de Futebol. Até agora, quatro jogos já foram adiados e, até que haja uma solução, o grande desafio dos elencos é driblar os problemas causados por essa confusão.
Antes dos jogos, geralmente os clubes passam por programação diferenciada de treinos e concentração, para que os jogadores estejam na hora das partidas nas melhores condições técnicas, táticas, físicas e mentais possíveis.
"A parte física do Comercial foi preparada para o jogo de domingo [no caso, o clássico Comerário]. Como ele não vai acontecer, é um desgaste. Atrapalha toda a programação. O psicológico também atrapalha bastante, por que mentalmente eles estão preparados para um clássico", diz o presidente colorado Valter Mangini.
O mandatário comercialino ainda crê que tal indefinição traga apenas malefícios, tanto para atletas, como para o futebol em geral, incluindo patrocinadores, imprensa e torcedores. "Não é bom para o futebol isso". Agora, diretoria e comissão técnica vão decidir juntos uma forma para amenizar o problema para o elenco.
Tal desgaste citado por Mangini reflete também a opinião do presidente do União/ABC, Fábio Manso. "Fica uma coisa desgastante essa indefinição, essa incerteza. Esses dias que não tivemos jogos foram de muita ansiedade", frisa.
Manso ainda completa que a comissão técnica da equipe faz toda uma preparação para os jogos, com treinos mais leves na véspera, mas acabam surpreendidos na véspera das partidas com a não liberação do estádio Morenão.
"Realmente isso atrapalha demais. A gente já fez esses treinos leves duas vezes essa semana e não teremos jogos. Então amanhã voltaremos ao treinamento mais forte", revela o presidente do União/ABC.
Outro que também fala das dificuldades causadas ao elenco é o presidente do Operário, Estevão Petrallás. Ele ressalta que o trabalho para encontrar a solução definitiva, que é a realização dos jogos, tem que ser feita em conjunto.
"Temos que encontrar a solução menos traumática. Em paralelo a isso, um clube com a estrutura do Operário, com 33 pessoas se alimentando quatro vezes por dia, fica na expectativa de concentração, os jogadores pedindo querem um jogo oficial. O treinamento é todo prejudicado. Multiplique isso por quatro equipes de Campo Grande", destaca.
Confusão - Sem ter onde jogar na Capital, os jogos Novo x União (sábado) e Operário x Comercial (domingo) foram adiados, ainda sem data definida para serem realizados. No meio de semana, os jogos União x Operário (quarta) e Comercial x Costa Rica (quinta) também foram adiados.
Para evitar prejuízos a tabela da competição, uma das possibilidades dadas pelo Ministério Público foi a realização de jogos com portões fechadas para o público. Os dirigentes dos clubes também estudam levar algumas partidas para o interior do Estado, mas algo concreto deve acontecer apenas na próxima semana.
O Morenão foi liberado em 2017 para a realização do Estadual diante da promessa de que o estádio passaria por reformas estruturais ao final da competição. Porém, as obras não foram realizadas por uma demora na aprovação do projeto, que será executado pelo Governo do Estado em convênio com a UFMS, proprietária do espaço.
Em 2018, dos quatro laudos feitos, o que apresentou maiores contestações das promotorias responsáveis pela questão foi o de Engenharia. Foram pedidos laudos complementares, entregues na quinta-feira (18) depois pela FFMS, que colabora na tentativa de liberar o estádio, apesar da responsabilidade principal disso ser dos clubes.
O documento relativo a Engenharia, de maneira geral, confirmava que os problemas estruturais continuavam, mas que ainda assim o estádio poderia receber partidas por mais um ano. Mesmo assim, ele foi contestado pelas 24ª e 43ª promotorias de Justiça, mantendo o veto ao uso do estádio.
A segunda opção para jogos de futebol em Campo Grande, o Estádio das Moreninhas, passou por reformas, inclusive com instalação de corrimãos, entre outros itens, além de aumento do campo para as dimensões oficiais da Fifa. A expectativa é que os laudos fiquem prontos em 10 dias, sendo assim estregues ao MPE, que aí então os analisará.