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Esportes

Entre as melhores do país, flag feminino do CG Cobras busca vencer o preconceito

Amanda Bogo | 25/05/2016 16:12
Equipe ficou em terceiro lugar no Circuito Nacional Flag Football 5x5 em 2015 (Foto: Reprodução/Facebook)
Equipe ficou em terceiro lugar no Circuito Nacional Flag Football 5x5 em 2015 (Foto: Reprodução/Facebook)

No ranking da região Centro-Oeste, elas estão em primeiro lugar. No nacional, ficam em terceiro. Convidadas para participar do Campeonato Paulista de Flag 5x5, o Campo Grande Cobras lidera a competição com três vitórias em três jogos, tem a melhor defesa e o terceiro melhor ataque. Com o bom desempenho, vencer os adversários dentro de campo tem sido fácil para as meninas. Porém, é o preconceito que ainda atrapalha o desenvolvimento da modalidade não só no Estado, mas em todo o País.

A equipe de flag feminina do Campo Grande Cobras completa cinco anos em 2016. Surgiu com algumas meninas que acompanhavam os treinos do futebol masculino e se interessaram pelo esporte. " Algumas namoradas e irmãs de jogadores do time masculino de futebol americano do Cobras acompanhavam os treinos e ficaram interessadas pelo esporte. Foi aí que o Pedro Loureiro, hoje coach principal do time e que sempre estudou o esporte masculino, sugeriu o flag, modalidade feminina, e as meninas encararam a ideia", contou Kely Zerial, 32, jogadora de defesa do time. 

A atleta participa da equipe há três anos, após ser convidada por duas amigas para conhecer o esporte, e faz parte da diretoria da equipe como secretária. "Fui chamada para participar da primeira seletiva, mas não tive interesse. Depois fui assistir um jogo da etapa regional e me apaixonei. Fui em um treino em 2012 e nunca mais parei de ir", disse. 

Desde então, o bom desempenho da equipe nos campeonatos que participou despertou o interesse de outras atletas, e o Cobras precisou criar outro time para não deixar que boas jogadoras ficassem no banco. Segundo a defensora, a CBFA (Confederação Brasileira de Futebol Americano) cria muitas barreiras para times que tem equipes A e B, por isso decidiram criar outro time.

Hoje são 40 meninas, e a estréia da nova equipe está prevista para o próximo dia 18, durante a etapa Centro-Oeste do campeonato nacional. "Era muito potencial para ficar no banco. Criar o time foi uma forma de colocar todo mundo em campo e para que houvesse uma disputa entre si. As equipes são ligadas e treinam juntas", explicou Kely.

Lance do jogo entre CG Cobras (branco) e Cane Cutters, onde o time da capital venceu por 40x0(Foto: Reprodução/Facebook)
Lance do jogo entre CG Cobras (branco) e Cane Cutters, onde o time da capital venceu por 40x0(Foto: Reprodução/Facebook)

As meninas do CG Cobras enfrentam dois problemas diariamente: falta de patrocínio e o preconceito no esporte. "Hoje 90% do que a gente precisa para jogar vem do bolso das jogadoras. A gente fala que paga para treinar e jogar. Não temos patrocínio, mas temos apoiadores que contribuem com fornecimento de água, gelo, uniformes. Para a disputa do Paulista conseguimos o ônibus com a fundação de desporto do Estado. No último jogo viajamos 14 horas, chegamos, jogamos e conseguimos a vitória. Se tivessemos ajuda, o desempenho que já é bom seria muito melhor", afirmou a defensora, que completou alegando que quando não conseguem patrocínio, as jogadoras promovem ações para arrecadar dinheiro. "Fizemos uma macarronada para pagar a inscrição no Paulista. Já fomos para a Afonso Pena pedir dinheiro no semáforo para participar de campeonatos".

Questionada se a falta de incentivo é consequência do preconceito por ser um esporte praticado por mulheres, Kely ressaltou que isso contribui, mas que a falta de conhecimento sobre a modalidade ainda é algo que prejudica o desenvolvimento do esporte. "Uma coisa leva a outra. Tem muito preconceito, de todas as partes, por ser um esporte feminino que exige velocidade, força e alto rendimento. As pessoas falam que vamos ficar parecendo homem, que perdemos a feminilidade em campo. Ninguém entende o que é o flag, e não é só o nosso estado,  mas o Brasil é preconceituoso. E o preconceito com mulheres jogando faz perder a credibilidade. Temos conquistas que times masculinos não conseguiram", desabafou.

A atleta esteve na manhã desta quarta-feira (25) na ALMS (Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul) onde teve uma fala no plenário pedindo por mais reconhecimento do esporte no Estado. "Fomos a assembléia explicar o que é o esporte, nossa posição no ranking regional e estadual para que quebre o preconceito em relação ao flag e para que as pessoas conheçam o esporte", finalizou Kely.

Kely durante sua fala na Assembléia Legislativa na manhã desta quarta-feira (25). (Foto: Reprodução/ALMS)
Kely durante sua fala na Assembléia Legislativa na manhã desta quarta-feira (25). (Foto: Reprodução/ALMS)
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