Torcida passou sufoco e no fim valeu até raspar cabeça para pagar promessa
Grupo de 20 pessoas se reuniram na casa de argentino para acompanhar a final da Copa
O sufoco da Argentina na final da Copa do Mundo contra a França neste domingo (18) ultrapassou as linhas do campo. Aliás, foi bem mais além. Saiu do Catar, país que sediou o mundial, e chegou a Campo Grande, mais precisamente ao Buriti, bairro em que reside a família Galeano que cresceu no Brasil, mas tem raízes firmes e profundas na Argentina.
Ramón Galeano, nascido em terras argentinas, porém que mora na Capital desde 1979, reuniu 20 pessoas em sua casa para acompanhar a partida. Passou o primeiro tempo com ar nos pulmões para dar voz ao grito entalado na garganta há 36 anos, quando sua seleção natal venceu o mundial pela última vez.
Só não esperava que no segundo tempo o jogo fosse virar, literalmente. A França, até então apática, reagiu após cobrança de um pênalti e igualou o placar em inacreditáveis dois minutos. A torcida na casa azul celeste da rua Guilherme de Andrade emudeceu e no silêncio da tensão, promessas foram feitas.
A prorrogação chegou e Leonel Messi, eleito melhor jogador da Copa do Mundo, fez o terceiro gol. Novamente a Argentina colocou as mãos na taça. Mas o inimigo estava de novo à espreita. O jovem francês Kylian Mbappé, artilheiro da Copa, estava ali para fazer jus ao título que logo ganharia e marcou pela terceira vez na partida.
Ir para os pênaltis era uma realidade incontestável. Os nervos na casa de Ramón não estavam mais à flor da pele, já tinham ido ao chão. Olhos fixos na tela, promessas reafirmadas e com a respiração quase falha o grupo viu a França errar dois pênaltis e a Argentina ser implacável, sem nenhum erro.
Quando o último gol foi feito e a seleção francesa entregou a taça aos hermanos, Daniel Galeano, filho do patriarca argentino, não teve dúvidas, iria cumprir o que prometeu no calor do desespero. Maquina a postos, ele senta no banquinho e vê os cabelos indo embora. Sim, raspou a cabeça. E comemorou em dobro, está com a cocuruto lisinho, lisinho, feito a taça que é do mundo, porém pelos próximos quatro anos pertence à Argentina.
Cobrança - O anfitrião ficou de fora das promessas e se limitou a comemorar a vitória do país natal. "Em 1978, eu morava na Argentina ainda. Esta aqui é a melhor de todas. Fomos contra juiz, conta todos. Messi foi o melhor jogador da Copa. Estou muito feliz", disse ao Campo Grande News que acompanhou todo o jogo em sua casa.
O vizinho Thiago Maydson, 34 anos, que se considera da família, também embarcou na emoção dos moradores da casa. "Tô sem palavras para descrever, é uma grande vitória para nação argentina. Coração está explodindo de alegria. O título foi por Diego Armando Maradona que lá de cima está olhando Messi", disse.
Agora tricampeã mundial, a Argentina não vencia uma Copa desde 1986. Em 2014, quando o Brasil sediou o campeonato, jogou a final contra a Alemanha e levou a pior no apertado placar de 1 a 0.