Treinador que leva time em Uno cria "vaquinha" para comprar ônibus
José Ferreira de Andrade, conhecido como Esquerdinha, criou time de futebol com crianças da periferia
Conhecido como "Esquerdinha", José Ferreira de Andrade, 64 anos, ganhou fama depois de aparecer em vídeo, aqui no Campo Grande News, transportando o time completo de futebol em um Fiat Uno. Apesar do desrespeito às regras de trânsito, muita gente ficou comovida pelo fato de ser a única maneira de fazer vingar um projeto social com crianças da periferia.
O resultado foi uma vaquinha online, que já arrecadou quase R$ 30 mil com objetivo de trocar o carro por um ônibus e deixar no passado a cena dos alunos com pernas de fora do porta-malas.
“Eu nem sei a quantidade de críticas que já recebi. Já falaram que iam denunciar meu carro... Eu continuo vindo aqui sempre por eles, tenho fé de que as coisas vão melhorar", comenta.
Com os termômetros marcando 34ºC na tarde desta quinta-feira (30), Esquerdinha e parte do time iniciaram mais um treino às 14h. Em campo de terra no Bairro Nova Lima, o treinador explica que o objetivo é arrecadar R$ 70 mil com a campanha que está disponível neste link.
Esse valor é só o começo. A primeira coisa que vamos fazer é comprar um ônibus, uma van, para eu conseguir transportar eles. Depois a gente vai arrumar a estrutura da sede, diz o treinador.
Rodando entre bairros, José mora na Mata do Jacinto, mas nem todos os treinos são realizados no campo da região, como nesta quinta-feira. “Em outros dias a gente treina aqui no Nova Lima, então trago os meninos do Mata do Jacinto para cá porque não consigo levar os daqui para lá".
Nem sempre o transporte foi irregular, garante. "Há três anos, um ônibus que eu tinha quebrou, desde então a gente faz as coisas com o Uno”.
Além da preocupação com a segurança dos meninos, Esquerdinha lamenta que o grupo não participa de várias competições pela dificuldade do transporte. “Vai ter uma competição nas Moreninhas, mas não vamos participar porque não tenho como levar eles. Um frete de ônibus é R$ 400 e isso a gente não tem”.
Confira vídeo do professor transportando o time:
Estrutura dos sonhos - O professor vê a meta de R$ 70 mil apenas como começo, porque há muito a ser feito pelo time. “Eu quero fazer uma sede lá na Mata do Jacinto, com vestiário, também plantar grama no campo, comprar uniforme, chuteira, alimentação”, explica.
As dificuldades hoje são enormes, não só pelo aperto dentro do carro. Durante o treino, ele mostra que só tem condições de levar uma garrafa com cerca de 5 litros de água para o treino.
Aos oito anos, as luvas do goleiro de 8 anos de idade também é na base do improviso, são do tipo simples, usadas no frio e em apenas uma das mãos.
Para meninos e meninas - O ideal é ampliar cada vez mais o projeto. Segundo ele, o time é para todos, para meninos e meninas de todas as idades.
“Não me importo com nada disso, eles só precisam querer participar. Estando aqui, eles não estão na rua, com droga ou brigando. Estão atrás de um sonho. Time meu já jogou em estadual, já ganhou. Sei que tem essa possibilidade”, relata.
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