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Famílias marcaram os três dias de júri histórico

Ângela Kempfer, Anahi Zurutuza e Caroline Maldonado | 20/07/2023 06:00
Mãe de Matheus (loira) e a de guarda metropolitano morto se abraçam em dia de julgamento (Foto: Paulo Francis)
Mãe de Matheus (loira) e a de guarda metropolitano morto se abraçam em dia de julgamento (Foto: Paulo Francis)

Júri histórico - Os três dias de julgamento sobre fuzilamento do estudante Matheus Xavier, em 2019, renderam ao público o conhecimento de muitos fatos “escabrosos”. Mas, as imagens de maior destaque vieram mesmo das famílias dos envolvidos. A ex-sogra do réu Jamil Name Filho, por exemplo, ligou para os netos que, por vídeo chamada puderam ouvir o depoimento do pai. Uma das tristes ironias reveladas durante o júri popular é que um dos filhos de Jamilzinho, homem acusado de ser mandante da execução da vítima, atualmente cursa Direito na UCDB, mesma faculdade onde Matheus Xavier fazia a mesma graduação. Caso estivesse vivo, já teria se formado e com 25 anos.

Abraços solidários – Mães de vítima fuzilada por engano e de guarda municipal morto com tiro na boca trocaram abraços e palavras de consolo nos dias do julgamento dos réus pela execução por engano de Matheus Coutinho Xavier, 20 anos. As duas nem se conheciam, mas demostram força extrema durante júri popular histórico, que colocou membros da família Name no banco dos réus.

Leoas - Terezinha Brandão dos Reis, 62 anos, a primeira da fila para acompanhar da plateia o início do júri, na segunda-feira (17), perdeu o filho em abril de 2019, dias após o assassinato do jovem estudante de Direito. O caso foi arquivado porque não foi possível provar de Fred Brandão dos Reis se suicidou ou foi vítima de homicídio. A mãe fala em "queima de arquivo" e chamou a advogada Cristiane de Almeida Coutinho para prestar solidariedade. Elas não seguram as lágrimas no primeiro encontro, ainda na tarde do primeiro dia de julgamento. Depois, seguiram trocando carinho.

Sem dó – Já com a emoção de Marcelo Rios, um dos réus, dona Terezinha não se comoveu. Marcelo chorou ao receber do juiz permissão para ter um momento com os filhos, ainda crianças. Num dos intervalos do julgamento, ela respondeu alto da plateia, para que o acusado ouvisse, algo sobre chorar porque não tem mais o filho vivo. Do outro lado, Cristiane completou: “choro há quatro anos”.

Pense antes de falar - Ontem, um dos advogados de defesa, durante considerações aos jurados, quis mostrar sensibilidade dizendo que tem um filho com a mesma idade de Matheus Xavier e que, por isso, não queria nem pensar na dor de perda. Da plateia, o pai de Matheus, Paulo Xavier, não perdeu tempo e gritou: “Então pense!”

Juiz moderninho - Mas o juiz Aluízio Pereira dos Santos também chamou atenção pela fala que se adequava de acordo com a situação. No plenário, o juridiquês mandou, com os jargões jurídicos. Mas, durante entrevista coletiva, comentou com a imprensa que tudo tinha transcorrido “de boa”.

Melhor que Netflix - Por mais trágico que seja o fuzilamento de um jovem, acompanhar júri considerado o mais importante da história jurídica de Mato Grosso do Sul, por envolver os Name, muita gente ficou mais empolgada que em maratona de série. Mãe de estudante de Direito, que primeiro só iria acompanhar a filha, viu a moça ir para faculdade e permaneceu para saber o desfecho do júri.

Cabeças da saúde - A campanha dos vereadores da oposição pela derrubada do secretário de Saúde, Sandro Benites, parece não surtir efeito. A prefeita Adriane Lopes (PP) garante que “ele está fazendo um bom trabalho”, apesar de admitir que há “reclamações pontuais” sobre as unidades de saúde. As soluções não dependem da troca de secretário e sim da equipe, na avaliação da prefeita. “Temos uma equipe volante que vai quando uma unidade está lotada. Estamos revitalizando todas as unidades, fazendo campanhas de vacinação em locais públicos e privados e intensificando a vacinação”, argumentou Adriane.

Democracia nas Emeis - O vereador Juari Lopes, o “Prof. Juari” (PSDB), levantou na Câmara Municipal um assunto que parece ter ficado esquecido na prefeitura, a criação de processo eleitoral para escolha de diretores das Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil). Depois de insistir até que fossem colocados secretários nas unidades, o parlamentar quer saber quando vão ocorrer as eleições, previstas na meta do Plano Nacional de Educação e no Plano Municipal, há quase oito anos.

Quase lá - Adriane Lopes diz que está buscando “meios de implementação, mas começando com o que é possível agora”. Questionada se as eleições sairão neste ano, para definir diretores das 106 Emeis em 2024, ela não diz que sim, nem que não. Adriane garante que está estudando uma data junto a ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública).

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