Os bastidores do julgamento mais longo da história de MS
Mais longo – O júri popular que condenou Jamil Name Filho como mandante e outros três réus por participação na execução de Marcel Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão”, foi classificado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) como o mais longo da história de Mato Grosso do Sul.
Calculando - Foram 35 horas de julgamento em três dias, contando da abertura dos trabalhos na segunda-feira (16), às 8h50, até o encerramento, por volta das 2h de quinta-feira (19), descontadas da somatória somente as pausas para o descanso dos envolvidos e jurados nas noites de segunda e terça.
2º no ranking – O segundo júri produto da Operação Omertà superou recorde, que até então era de julgamento também resultante da força-tarefa batizada com nome que faz referência do pacto de silêncio exigido pelas organizações mafiosas italianas. Nos dias 17, 18 e 19 de julho do no passado, quando Name Filho foi condenado pela morte do estudante Matheus Coutinho Xavier, fuzilado no lugar do pai aos 20 anos, jurados, réus, todo o aparato do Judiciário e advogados passaram cerca de 32 horas em plenário.
Até o fim – O júri que teve Jamilzinho, apontado como o líder da Organização criminosa alvo da Omertà, no banco dos réus, mostrou mais uma vez que mães não abandonam os filhos nem depois da morte. A advogada Cristiane de Almeida Coutinho, a mãe de Matheus, que chegou a atuar em 2023 pela condenação dos algozes do filho, nesta quarta-feira (18), acompanhou da plateia o último dia do julgamento de dois deles. “Vim em solidariedade [à família de Colombo]”, disse à reportagem.
Mãe sendo mãe - Primeira da fila para entrar no Fórum no ano passado, a dona de casa Terezinha Brandão dos Reis voltou ao Tribunal do Júri, ainda na esperança de que alguma informação possa ser útil para reabrir o caso de outra morte, a do filho dela, o guarda municipal Fred Brandão dos Reis. Desta vez, Terezinha se alterou, passou a gritar com um dos réus e foi retirada do auditório pela segurança.
Plateia – Além dos acadêmicos de Direito e advogados, que normalmente compõem as plateias de júris populares, presenças ilustres foram notadas no auditório. O procurador-geral de Justiça, Romão Àvila Milhan Junior, chefe dos promotores que trabalhavam pela condenação dos acusados, foi uma delas.
Meus meninos - Ele foi ao Fórum para prestigiar Douglas Oldergardo e Luciana Rabelo, além dos integrantes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), Moisés Casarotto e Gerson Eduardo de Araújo. Fabrício Secafen Mingati, presidente da ASMP (Associação Sul Matogrossense do Ministério Público), e a delegada Ariene Murad, casada com Oldegardo, também assistiam ao embate entre defesas e acusação.
Homens sendo homens – Foram três dias de julgamento e somente no último, anteontem, que Luciana Rabelo, a promotora natural do Caso "Playboy da Mansão", pôde fazer sustentação no plenário. E poderia ter sido mais do que uma vez. Durante o tempo da primeira manifestação da acusação, o promotor Moisés Casarotto pediu que Gerson Eduardo de Araújo, que estava usando a palavra, encerrasse a fala para que Luciana pudesse tomar o lugar. Porém, o colega ignorou e continuou, encerrando só alguns minutos depois.
Fim de caso - A promotora chegou a pegar o microfone, mas foi frustrada, já que o juiz Aluízio Pereira dos Santos encerrou a fase de acusação, obedecendo ao tempo atribuído às partes. Ela só conseguiu fazer a “estreia” no júri na réplica, depois das 20h.
Escola – Logo no início do julgamento, o advogado Yahn Sortica abastecia o cliente, Rafael Antunes Vieira com papel e caneta. Perguntado, explicou que usou da estratégia, semelhante aos tempos de estudante, para que não tivesse que levantar a todo momento quando precisasse falar com o cliente, sentado um pouco distante. “Para não ficar cochichando, aí não atrapalha o debate, para o Aluizio [juiz] não dar ralo na gente”.