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Para juiz, advogado faz parte de milícia

Anahi Zurutuza, Fernanda Palheta e Marta Ferreira | 07/10/2019 06:00
Fila de eleitores que saíram no domingo para escolher conselheiros tutelares (Foto: Marina Pacheco)
Fila de eleitores que saíram no domingo para escolher conselheiros tutelares (Foto: Marina Pacheco)

Passou do limite – Defensor do ex-guarda municipal Marcelo Rios, o advogado Alexandre Franzoloso se livrou da prisão na Operação Omertà, mas para o juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, deveria estar preso por ter “ultrapassado os limites do exercício da profissão” quando o cliente foi preso com arsenal.

Liminar – Franzoloso teve a prisão preventiva decretada a pedido do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), mas está em liberdade por força de liminar. A OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil Seccional de Mato Grosso do Sul) foi quem patrocinou o pedido de habeas corpus que ainda terá o mérito julgado pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Parte da organização – Em manifestação sobre o porquê havia decretado a prisão, o magistrado frisa que mais do que ter “passado do limite”, o Gaeco conseguiu evidenciar “detalhadamente” o envolvimento de Franzoloso com a organização criminosa investigada na Omertà.

“É crime” - “Não se de trata de criminalização da advocacia como quis fazer crer a Ordem dos Advogados do Brasil”, anotou Marcelo Ivo no despacho, completando que “o fato de alguém impedir ou, de qualquer forma, embaraçar a investigação de infração penal que envolva organização criminosa, constitui o crime”.

Tropa de choque – A decisão de prender o advogado, porém, ainda promete muito debate. Além da OAB-MS, outras entidades que representam a categoria saíram em defesa de Franzoloso, como o IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa), a Abracrim (Associação Brasileira dos Advogados Criminalistase) e o MDA (Movimento de Defesa da Advocacia).

Atentado – Os movimentos consideraram a possível prisão do colega como medida abusiva e um “atentado à independência do advogado”.

Defesa “importada” – Thiago Anastácio, advogado criminalista de São Paulo, foi o escolhido para defender o policial militar Sílvio César Molina, principal alvo da Operação Laços de Família, que desvendou esquema de tráfico de drogas a partir de Mundo Novo comandado pelo PM, segundo o MPF (Ministério Público Federal).

De injustiçado a famosos – Anastácio é rosto conhecido na TV por defender de cabeleireiro acusado erroneamente de homicídio, segundo matéria exibida no SBT em julho deste ano, a assassino famoso. Ele foi o advogado de Gil Rugai, condenado a 33 anos de prisão por matar o pai e a madrasta em 2004.

Surpresa – Diferente de São Paulo, onde houve baixa adesão da população, segundo a Agência Brasil, a participação na eleição para os Conselhos Tutelares em Campo Grande surpreendeu a organização. Mais de 30 mil eleitores foram às urnas neste domingo (6), sendo que a expectativa era que no máximo 15 mil saíssem de casa para escolher 25 novos conselheiros para a Capital. Em 2015, foram 7 mil votantes.

Anulação – Além de inúmeras reclamações de eleitores sobre fila, falta de cédulas e de organização em geral, a eleição para conselheiro tutelar também foi alvo de críticas do vereador Wellington de Oliveira (PSDB), que não conseguiu votar. Em vídeo publicado nas redes sociais, o parlamentar diz que vai trabalhar para anular o pleito.

Sem problemas - O prefeito Marquinhos Trad (PSD) também foi votar, mas não teve problemas. Pelo menos não relatou qualquer dificuldade nas postagens do Instagram.

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