Câmeras antigas vão para o teto em estúdio que reúne madeira e tijolinhos
O salão é o primeiro de um conjunto comercial com salas para aluguel, no bairro Monte Líbano, em Campo Grande. De paredes brancas e piso de azulejo, os três meses de reforma transformaram o espaço num estúdio de fotografia do teto ao chão. Acima de quem entra, 15 câmeras antigas foram emolduradas. A madeira de demolição entrou em cena, dividindo espaço com os tijolinhos à vista.
A ideia foi fazer algo que fosse realmente diferente, fugindo do MDF, tão característico de escritórios. O projeto assinado por Renan Garnacho Zoratto, da G Zoratto Arquitetura, trabalhou em cima do rústico, acatando as sugestões dos proprietários na sala que mede 5x8.
"No rústico é muito importante usarmos madeira de demolição e usamos em toda sala, revestindo uma parede e o piso", descreve Renan Zoratto. O tijolinho à vista, segundo o arquiteto, entrou para dar uma quebrada na rusticidade. "Fomos combinando algumas coisas, o tijolinho, o espelho para dar uma amplitude no local e a iluminação também", explica.
Na sala, a iluminação principal é a do espelho. Como luzes de camarim, as redondinhas, elas fazem toda volta na moldura de madeira. "Trouxemos uma referência de cabaré, de coisas antigas e elas também dão um ar de aconchego", completa Renan.
Numa das pontas, um bar, também de madeira de demolição entra para oferecer bebidas aos clientes. O espaço destinado às fotos ficou logo em frente, com a quina da parede em branco. A estratégia adotada no projeto foi de trabalhar com iluminação direcionada, ou seja, os proprietários que escolhem onde e o que será iluminado.
As poltronas e o sofá são de madeira reaproveitável e no centro, um antigo carretel de fio virou mesinha. Voltando à referência das Artes, as cortinas imitam "coxias", em vermelho e azul. "Como o estúdio lida com artistas e é uma casa aliada à shows, quisemos trazer um pouco disso, como se fosse de bar, de pub, de palco, bem vintage", relata Renan.
O que determinou o tempo da reforma, segundo o arquiteto, foi mão de obra e materiais específicos, o que requereu tempo. Paralelo a isso, os proprietários do estúdio pesquisaram em todo lugar para comprar as câmeras fotográficas antigas que dessem um graça à decoração.
O investimento médio, conforme o responsável pelo projeto, foi de R$ 30 mil reais, incluindo a madeira de demolição, parte mais encarecida da obra. Sobre a manutenção, Renan Zoratto explica que depois de colocada, ela recebeu uma aplicação de verniz, que cria uma barreira de proteção que pode durar por décadas.
"E como fica na parte interna e se evita contato com sol, calor e umidade, a madeira não é danificada e a resistência é a maior", explica Zoratto. Para o arquiteto, o projeto quebrou barreiras ao sair do óbvio. "Quebramos barreiras com materiais que não são tão usuais no comércio, mas deram certo", resume.