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Arquitetura

De madeira ou da ferrovia, nas maiores escolas o samba nasceu no quintal de casa

Paula Maciulevicius | 08/02/2016 06:23
Foi na Rua Santa Amélia, na Vila Carvalho, numa casinha de nove cômodos, de madeira, que Felipão resolveu fazer a Unidos da Vila Carvalho. (Foto: Pedro Peralta)
Foi na Rua Santa Amélia, na Vila Carvalho, numa casinha de nove cômodos, de madeira, que Felipão resolveu fazer a Unidos da Vila Carvalho. (Foto: Pedro Peralta)

As duas maiores escolas de samba de Campo Grande viram a bateria estremecer e as confecções darem vida à fantasia nos fundos de casa. Em 1969, Felipe Duque, o "Felipão", montou a escola de samba "Unidos da Vila Carvalho" no bairro onde morava, no vasto quintal que tinha à frente de casa. Anos depois, a casa da Vila dos Ferroviários, na 14 de Julho viu uma das salas virar barracão. Em prol do samba, os fundadores: Felipão e Dudu abriram as portas para as grandes escolas de samba darem os primeiros passos.

Foi na Rua Santa Amélia, na Vila Carvalho, numa casinha de nove cômodos, de madeira, que Felipão resolveu fazer a Unidos da Vila Carvalho. Quem conta a história hoje é o filho Edgard Benites Duque, de 62 anos. "A casa era no fundo, tinha um quintal enorme na frente", descreve. Hoje Edgard posa com a foto do pai no mesmo lugar onde a casinha de madeira foi derrubada.

Dona Rodolfina abraçou a ideia, montou a escola no quintal e ainda costurou trajes. (Foto: Pedro Peralta)
Dona Rodolfina abraçou a ideia, montou a escola no quintal e ainda costurou trajes. (Foto: Pedro Peralta)
Filho de Felipão, Edgard exibe uma das últimos fotos do pai vivo em frente à casa. (Foto: Pedro Peralta)
Filho de Felipão, Edgard exibe uma das últimos fotos do pai vivo em frente à casa. (Foto: Pedro Peralta)
Fachada da casa sede da Igrejinha por anos. (Foto: Pedro Peralta)
Fachada da casa sede da Igrejinha por anos. (Foto: Pedro Peralta)

"Ele e o Goínho, o Gregório, saíam nos blocos. Aí ele resolveu fazer uma escola e o Goínho fez a Acadêmicos do Samba", conta Edgard. Foi apenas um ano de funcionamento ali e muito trabalho para a esposa de Felipão, dona Rodolfina, que costurava sozinha, na casa, as fantasias de todo mundo.

O Carnaval nasceu no quintal da família, em meio aos oito filhos do casal. "Eu costurava na varanda, era uma trabalheira e olha que a escola não era tão grande como é hoje, mas tinha um movimento danado", brinca Rodolfina Benites Duque, hoje com 82 anos.

Os ensaios aconteciam na Avenida Calógeras, em frente da escola Bernardo Franco Baís. Felipão morreu aos 48 anos, de derrame, em 1978. A casa da Santa Amélia já havia sido vendida para pagar contas da família. A estrutura de madeira foi derrubada, dando lugar a uma fachada completamente diferente daquela que viu nascer a escola de samba.

Copa abrigou muitas noites em claro para confeccionar as fantasias. (Foto: Pedro Peralta)
Copa abrigou muitas noites em claro para confeccionar as fantasias. (Foto: Pedro Peralta)

Na região central, mais precisamente no número 3447 da Rua 14 de Julho, em 1975, nascia a Igrejinha, pelas mãos e pés do folião Valfrido de Almeida, mais conhecido como Dudu. O imóvel tem 90 anos, sofreu reformas, ganhou "puxadinhos" e teve o que hoje é copa destinado à confecção de fantasias. "Aqui as pessoas dormiam costurando, passavam a noite", recorda Dudu, hoje com 71 anos.

A casa sempre foi da família, o primeiro morador foi seu Olegário, ferroviário. Para então passar ao irmão Similiano, pai de Dudu. Até meados da década de 90, os oito cômodos da casa viram muito samba sair dali. Os ensaios da bateria aconteciam na própria 14, que chegava a ser interditada.

A arquitetura também viu samba e a casa dos fundadores foi quem abriu as portas para as maiores escolas de samba da Capital: Vila Carvalho e Igrejinha.

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A estrutura do imóvel de mais de 90 anos, que viu nascer a Igrejinha. (Foto: Pedro Peralta)
A estrutura do imóvel de mais de 90 anos, que viu nascer a Igrejinha. (Foto: Pedro Peralta)
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