Em área de apenas 3m X 15m, canil virou loft moderno construído em 4 meses
Quando o canil da casa dos pais foi desativado e a data do casamento da filha chegou, o espaço de apenas 3 metros de largura, por 15 de cumprimento, virou um loft. Nas mãos do arquiteto João Bosco Delvizio, o cantinho dos cães ganhou parede de alvenaria e mezanino de concreto para fazer sala, cozinha, banheiro, lavanderia e a suíte do casal.
Foram quatro meses de construção na área de lazer da residência dos pais. A fachada simples deixava o loft discreto em frente à piscina. Foi ali que a filha morou até ganhar o primeiro bebê. "Este era exatamente o espaço do canil, 3,10m por 15m. Não tinha construção, apenas a casinha de cachorro no fundo", recorda o arquiteto.
A casa seguiu à risca o conceito de loft, uma tipologia de moradia surgida na época da recessão dos Estados Unidos, quando os galpões industriais foram ficando vazios e o espaço - para ser comercializado - passou a abrigar escritório e residência.
"Os artistas se estabeleceram e usavam como lugar alternativo, onde trabalhavam e moravam pagando um aluguel barato", explica Bosco. À época de indústrias, a parte debaixo era administrativa e a de cima, muitas vezes depósito.
Arquitetura - Como o terreno apresentava desnível da casa da família para o canil, o arquiteto criou um hall de entrada que através de degraus faz a transição perfeita para a sala de estar, jantar e cozinha.
"Estamos num hall sem parecer que é um, porque está integrado. Como o terreno ali está num nível superior, ele dá essa sensação de transição da área externa para a interna", narra. Ao descer dos degraus, visitantes e moradores se deparam com um espaço que anteriormente recebia poltronas para uma sala de estar, seguido de longa mesa de jantar para então chegar à cozinha, lavabo e lavanderia. Ali é possível acomodar - sentadas - até 10 pessoas.
No pavimento inferior, são 47m², que somados ao mezanino, resultam em 69m² como total de área construída. A escada "vazada" que leva até o quarto, mantém a privacidade restrita à suíte do casal. "O mezanino poderia ser metálico, mas aqui é concreto. Se vê que usamos janelas para ventilar e favorecer a iluminação", detalha Bosco.
No ponto mais alto da casa, a altura chega a 6m e depois se rebaixa até 2,40m. O loft não tem laje, apenas o forro de madeira. Pelas janelas e a porta lateral que dava - à época do projeto - para um jardim, era possível a circulação do ar e a saída do calor.
A amplitude que o projeto traz está nos detalhes, como o piso uniforme, os espelhos pela parede e a ausência total de divisões. "Loft é um galpão que você, quando divide, faz pelo mobiliário", ressalta Bosco.
O preço médio da construção hoje está em R$ 2,5 mil para cada metro quadrado. Uma casa assim não é para todo mundo. O perfil específico pode ser para um casal ou alguém sozinho que almeja a liberdade de ver os cômodos não definidos de qualquer lugar onde esteja, mas também pode ser para curtir apenas uma fase.
"Os moradores precisam estar dispostos a dividir a privacidade. Esse tipo de moradia também serve como espaço alternativo e temporário, de um momento da vida da pessoa. Mas há aqueles que querem uma casa exatamente como essa, que foge do convencional", considera o arquiteto.