Lugar criado para fugir da agitação gasta 70% menos investindo na bioarquitetura
A cozinha coletiva, no meio da mata, resume bem o que os proprietários do Sítio Passarim, em Rio Verde, querem oferecer aos turistas: um lugar onde todo mundo fique à vontade e em contato direto com a natureza.
Há quase 10 anos, o ex-bancário Antônio Antunes resolveu largar Corumbá e se embrenhar no meio do mato, em Rio Verde. Montou uma pousada e percebeu que adorava arquitetura. Na verdade, a bioarquitetura, feita com baixo impacto ambiental, com materiais naturais e usando bem menos água e energia elétrica.
Antônio já fez cursos, comprou uma máquina para produzir tijolos ecológicos e se prepara para levantar 2 novos quartos para os hóspedes e uma casa de 58 metros quadrados. As paredes serão no sistema pau a pique ou adobe, o antecedente do tijolo, feito com terra, água e fibra.
Para isso, encontrou uma forma de levar a filosofia da bioconstrução a sério, até no que diz respeito ao trabalho. A mão-de-obra será em forma de troca. Ele resolveu dar um curso aos interessados, que terão como aulas práticas o serviço na obra e depois vão poder curtir o sítio de graça.
O projeto prevê, inclusive, a instalação de um telhado verde na casa, com jardim no terraço e um mirante para ver o por do sol.
A vegetação deve ser colocada sobre a laje, depois da impermeabilização. “Até a inclinação tem de ser pensada de forma a não acumular água, mas não é nada muito complicado. Tem formas para diferentes 'bolsos', estamos usando a mais barata. É perfeitamente aplicável até nas cidades”, diz a arquiteta Camila Laurentino.
Se o tempo ajudar, logo tudo deve estar pronto. “É uma construção rápida. Se não tiver chuva, em 2 meses fica pronta e com custo de 70% a 80% mais barato”, garante Camila. Até o formato será diferente, arredondado e não quadrado como convencional.
A casa terá quarto, banheiro, sala e cozinha, será a morada da ex-esposa de Antônio, que ainda vive em Corumbá. Os dois estão divorciados, mas continuam bons amigos e dividindo filhos, por isso a vontade de mudança.
Rafael é um desses motivos. Filho do casal, também largou a vida de videomaker em Campo Grande há 2 anos para ajudar o pai no sítio. “Nunca fui tão feliz na minha vida. Em Campo Grande tentava procurar a felicidade, mas só aqui encontrei o sentido da palavra. A gente aprende a dar valor ao simples”, comenta.
Ele avisa que o sítio é um lugar para quem gosta de esbarrar na folha, de ver um bichinho mais de perto, de pegar na horta um tempero natural e catar fruta do pé.
Hoje, a pousada tem capacidade para 50 pessoas, com a fuga da agitação como atrativo principal.
Os quartos atualmente são para 5 ou 9 turistas, por R$ 50,00 o dia. As duas novas instalações foram pensadas para receber casais, e assim garantir maior privacidade. Também há área de camping, por R$ 30,00 a diária.
“A gente quer oferecer um lugar sem restrições. Tem pousada que não dá nem para pisar na grama”, diz Rafael. No Sítio Passarim, dá até para estender a rede nas árvores e ficar descansando dentro do rio.