Amigos se despedem de Lincão, dando "Adeus" ao velho músico
Ao som da música “Cunhataiporã” todos disseram tchau a mais um músico de Mato Grosso do Sul que vai deixar saudade
Onde você quer ir meu bem?
Diga logo pra eu ir também
Você quer pegar aquele trem
É naquele trem que eu vou também
É pra Ponta Porã
Cunhataiporã cherô rai rô
É pra Corumbá
É lá que eu vou pegar um barco
E descer o rio Paraguai cantando as canções
que não se ouvem mais....
E foi assim, ao som a canção de Geraldo Espíndola que os familiares e amigos se despediram do grande Eduardo Lincoln Gouveia Camargo, mais conhecido como Lincão. Aos 64 anos, ele estava internado há mais de um mês no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, onde teve complicações no quadro de diabete e partiu deixando saudade.
A despedida ao músico aconteceu no Cemitério Jardim das Palmeiras, em Campo Grande, onde o filho Lincoln Gouveia lembrou-se da relação com o pai e ídolo. “Desde sempre era a dupla Lincão e Linquinho, morria de ciúmes dele e muitos amigos da antiga lembram-se disso. Via-o tocando bateria, cantando e observando ele, comecei a aprender e cantar também. Acompanhava os eventos, queria estar do lado quietinho, vendo-o tocar”.
Hoje o filho é integrante da banda Canaroots e dá continuidade ao trabalho do pai na música sul-mato-grossense. Lincoln comenta que ficou ao lado de Lincão o tempo todo, porém, os problemas de saúde o pegaram de jeito. “Tinha diabetes, demorou um pouco para se cuidar. Há uns três anos ele levou um tiro de um cara que fez uma piada infame e atirou covardemente. Isso dificultou muito a saúde dele, que de uns anos pra cá começou a surgir mais problemas. Teve depressão”.
Recentemente havia surgido uma ferida no pé de Lincão, mas achando que iria incomodar o filho não quis comunicá-lo. “Não queria incomodar, porém me acharam e constataram tudo. Ele não participou do meu casamento e a partir disso a saúde foi debilitando ainda mais. Não resistiu, mas descansou”.
O velório contou com a presença de amigos queridos que tocaram com Lincão, como Moacir Lacerda. “Ele tocou com o grupo Acaba de 1976 e muitos anos. A última apresentação com a gente foi em 2016, era uma pessoa que trouxe talento na bateria que atendia plenamente a finalidade do instrumento na música”.
Eles buscavam fugir dos clichês das músicas tradicionais e tocarem músicas autorais e criativas. “Tinha muito talento, era bem-humorado, precisa de pessoas assim para compor um ambiente agradável. Deixou alegria e amizade que precisamos cultivar”, afirma Moacir.
Geraldo Espíndola também compareceu à despedida e comentou que a amizade com Lincão surgiu no final da década de 70. “Tocamos juntos, ele foi meu baterista quando fui tocar no Circo Voador no Rio de Janeiro com minha banda. Foi muito bacana, nunca me esqueço. Talvez seja o primeiro grande multimídia da nossa terra, artista referência. Vai deixar um espaço que poderia continuar, mas a vida é assim mesmo. Que Deus o tenha em boa luz”, concluiu.
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