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Artes

Artistas lacram Fundac e convocam “marinheiros” para cobrar respeito pela cidade

Ângela Kempfer e Paula Maciulevicius | 03/03/2015 11:56
Faixa de protesto na sede da Fundac. (Foto: Marcelo Calazans)
Faixa de protesto na sede da Fundac. (Foto: Marcelo Calazans)

Depois de todos os funcionários deixarem o prédio da Fundação Municipal de Cultura, artistas e produtores culturais que ocuparam o prédio na manhã desta terça-feira (3) lacraram as portas que dão acesso às salas de trabalho, por segurança contra futuras acusações de vandalismo.

Como o grupo estava disposto a permanecer no prédio até amanhã, o fornecimento de água chegou a ser suspenso. Mesmo assim, os manifestantes permanecem no saguão do orgão

Agora, o protesto continua na calçada, de forma divertida, e com a pretensão de ficar maior. Na frente do prédio da Fundac, quem sabe canta, toca, dança, interpreta, faz ironias e desabafa sobre o esquecimento.

Grupos já reconhecidos pela qualidade teatral, mas que, nem por isso, deixaram o pires de lado na luta em busca de recursos para montar espetáculos, também mostram a indignação com o que consideram "desleixo".

Circo do Mato, Mercado Cênico, Imaginário Maracangalha, Teatral Grupo de Risco, são só algumas das trupes representadas no protesto desta terça-feira. "Eles nos impedem de trabalhar. Temos o interesse de trabalhar, estamos parados o ano inteiro", diz Anderson Lima, do Circo do Mato.

A contar pela quantidade de pessoas importantes para a Cultura da cidade, a manifestação tem peso. Do cinema, ao teatro de rua, muita gente apareceu para mostrar força ao poder público.

Na música, Guga Borba, Jerry Espíndola, Zé Geral, Márcio de Camillo, Karina Marques e Rodrigo Teixeira, já começam a improvisar um show na pequena escadaria da Fundac. À noite, haverá sessão de cinema.

Para Jerry Espíndola, ocupação de hoje simboliza o ponto final nas negociações com a prefeitura, que envolve pendências ainda da administração de Alcides Bernal. "Não tem 1%, que a gente conquistou, nao pagam os cachês dos artistas. Vai ser um divisor de águas, a cultura está cada vez mais unida, mais ciente do que tem que fazer. É um marco histórico de união da classe em torno da cidade. Uma cidade sem cultura é uma cidade sem alma".

E a festa deve continuar até às 14 horas de quarta. “Depois vamos sair em marcha até a Câmara Municipal. Onde vai ocorrer uma audiência pública”, diz Fernando Cruz, do Imaginário Maracangalha.

Serão discutidos 3 pontos amanhã na Câmara: inadimplência da Fundac, não pagamento do FMIC e do Fomteatro, aplicação do 1% da Cultura no orçamento de 2015.

Artistas ocuparam Fundac hoje cedo. (Foto: Marcelo Calazans)
Artistas ocuparam Fundac hoje cedo. (Foto: Marcelo Calazans)
E só devem deixar o prédio amanhã.
E só devem deixar o prédio amanhã.

A presidente Juliana Zorzo deixou a sede da Fundação por volta das 9h40. Hoje, ela foi recebida com "serenata" e ouviu novamento criticas que tem recebido desde que assumiu a Fundac. Para ela, o protesto não tem sentido. "Temos amanhã a audiência na Câmara para discutir essa e outras questões, não temos problema nenhum em responder tudo novamente", diz.

Sobre o FMIC (Fundo Municipal de Investimentos em Cultura) e Fomteatro, ela repete que depende das secretarias de Finanças e Planejamento, que liberam recursos. Mesmo assim, diz que a lei é respeitada. "No ano passado, investimos 1,36% em Cultura, isso é comprovado até no Tribunal de Contas. Foram mais de 5 mil eventos e só dois deles foram shows de atrações nacionais", justifica. 

O movimento SOS Cultura, criado para garantir investimentos no setor, convoca "marinheiros" para engrossar o protesto. Argumenta que o percentual de 1,36% não foi realmente investido no setor. O valor seria referente, inclusive, as ações classificadas de culturais desenvolvidas por outras secretarias, com a de Assistência Social e de Educação.

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