Compositor de MS transforma covid em ópera, que ganha estreia ao vivo
Inspirada na pandemia, libreto ganhou música e encenação presencial em teatro do RJ com sessões até terça (30)
Depois de transformar o novo coronavírus em uma "velha senhora" de capuz e cajado a vagar pelas areias do deserto, o compositor sul-mato-grossense Cyro Delvizio conseguiu estrear sua obra "A Peste" com músicos e atores de verdade em um dos palcos mais representativos do estado do Rio de Janeiro. Na noite de ontem (28), foi o Teatro Popular Oscar Niemeyer, em Niterói – município vizinho à Cidade Maravilhosa –, que recebeu a primeira montagem da opereta (ópera de tamanho reduzido) inspirada na pandemia por esse campo-grandense.
Transmitida por meio de lives programadas até a próxima terça-feira, 30 de março, serão exibidas o total de 6 sessões da obra, sempre às 17h e 20h (horário de MS). Antes disso, Cyro já havia feito uma "montagem" preliminar juntamente a outros músicos – três cantores e três instrumentistas – que participaram de forma remota. Na época, a peça foi lançada em duas partes no YouTube.
Agora, entretanto, a opereta teve sua estreia nos palcos, em performance ao vivo, tanto em termos de música quanto em interpretação teatral. Além do próprio autor com seu violão, estiveram presentes a soprano Manuelai Camargo, o tenor Guilherme Moreira, David Monteiro como narrador e baixo-voz, a flautista Clarissa Bomfim e o violoncelista Paulo Santoro.
A realização de agora foi possível graças ao incentivo da Lei Aldir Blanc, por meio dos governos federal e estadual pela pasta de cultura e economia criativa do RJ. O que era para ser presencial, entretanto, teve que ser adaptado ao agravamento da situação pandêmica – por isso o formato de estreia virtual com ingresso e dias de exibição. A estratégia não envolveu público presencial e todos os participantes se paramentaram de EPIs (equipamentos de proteção individual) durante o decorrer de cada sessão.
Posteriormente, o vídeo em sua íntegra será disponibilizado no canal de Cyro no YouTube.
Enredo – A narrativa é baseada no atual momento em que vivemos, porém ambientada na Síria de outrora. Na sinopse, um príncipe está retornando à cidade de Damasco após uma viagem diplomática, cantando sobre sua futura glória quando for coroado sultão. No caminho, encontra uma velha senhora perdida no deserto e, se apiedando dela, decide dar carona à mulher.
O que ele descobre, entretanto, é que aquela figura se trata da peste em pessoa. A partir daí, justamente quando chegam aos portões de Damasco, o príncipe se vê dividido entre seu instinto de autoproteção e o sonho de viver o alto grau na política, refletindo sobre o povo e a cidade.
"Conseguiremos não somente colocar a opereta em palco mas fazer isso com toda a segurança que o momento exige. A equipe é enxuta, foram poucos ensaios praticados e o espetáculo é de curta duração (45 minutos). Até o próprio teatro promove um distanciamento adequado devido ao seu tamanho. Claro, todos os participantes farão testes de covid. Tivemos que nos reinventar e, ao mesmo tempo, mostrar que é possível sim um retorno gradual de espetáculos como o de agora, nesse formato”, explica o compositor.
Os ingressos – gratuitos ou com a contribuição voluntário de R$ 5 ou $ 10 – podem ser adquiridos por meio do site oficial. Previamente às sessões, haverá uma breve explicação do autor sobre sua obra que, ao final da apresentação, estará disponível no chat para conversar com o público.
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