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Artes

Crianças indígenas aprendem com mestres pinturas e histórias que são relíquias

Elverson Cardozo | 15/03/2015 07:34
Ancião ensina menino os segredos da pintura Terena. (Foto: Reprodução/Youtube)
Ancião ensina menino os segredos da pintura Terena. (Foto: Reprodução/Youtube)

Transmitir conhecimento por meio de livros didáticos é prática comum na maioria das escolas, mas quando a história não está documentada, talvez não como deveria, é preciso recorrer a outros métodos. Alunos indígenas que moram na Aldeia Ipegue, em Aquidauana, a 135 quilômetros de Campo Grande, tem a oportunidade de aprender algumas coisas diretamente com os mestres.

No final do ano passado, por exemplo, um grupo de aproximadamente 250 estudantes, da educação infantil ao ensino médio, participaram de uma oficina de pintura corporal Terena, ministrada por anciões, professores dessa arte, que ensinam as novas gerações na prática.

O encontro, que atraiu acadêmicos indígenas e moradores da comunidade local, foi apenas uma das ações desenvolvidas na Escola Municipal Feliciano Pio, que fica em Aquidauana. A oficina faz parte do projeto “Koxunákopoti Vitúkeovo” (Reafirmando Nossa Identidade), desenvolvido pela professora e diretora Maria Alexandra da Silva, em parceria com o agente administrativo do colégio, Elciney Paiz Flores.

Os anciões, que são moradores da aldeia, ensinaram o passo-a-passo da arte na própria escola. Em vídeo divulgado no Youtube, um deles aparece pintando um garoto no rosto, peito, pulsos, barriga e nos pés, com tintas que, em um primeiro olhar, lembram argilas. Eles usaram, explica Elciney, materiais encontrados na própria reserva.

Material utilizado na pintura. (Foto: Divulgação)
Material utilizado na pintura. (Foto: Divulgação)

Valorização da cultura - As crianças que participaram da oficina realizaram, depois, uma apresentação de dança usando a pintura tradicional. Na ocasião, mestres passaram os significados de cada passo e movimento da coreografia.

Mas não teve só isso. “Foram realizadas outras atividades que estavam previstas no "II Koxunákopoti Vitúkeov", que teve como enfoque principal a valorização da cultura Terena da Aldeia Ipegue”, comenta.

Elciney reforça que o objetivo do projeto é mostrar a riqueza que a comunidade possui e as histórias que, nas palavras dele, são relíquias e, de fato, não estão presentes nos livros didáticos.

A intenção é, também, reconhecer as “várias lideranças que lutaram e resistiram bravamente durante todo o tempo, mantendo e preservando a língua, cultura, dança, pintura, os mitos e toda a sabedoria” que hoje está presente em vários campos da ciência.

“Estamos trabalhando para que sempre se realize projeto dessa natureza, seja na escola ou na comunidade local”, afirma, ao dizer que eventos assim acontecem com frequência e sempre são promovidos por indígenas.

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