Depois de 3 infartos, escrever contos e poesias matou as saudades do Nordeste
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Aos 78 anos, seu Nalvo Franco de Almeida tem nas mãos o primeiro livro. Resultado do misto de anos de saudade e da paixão pela escrita. "Sou nordestino e nordestino sai pelo mundo pra ganhar a vida, não que seja obrigado. Fica quem quiser, mas quem almeja alguma coisa, tinha que sair". Assim que ele começa a conversa, se apresentando como imigrante.
Seu Nalvo saiu de Jacobina, no interior da Bahia, chegou no então Mato Grosso em 1953 e nos anos 60, em Campo Grande. Foi jornalista, radialista, vereador, advogado e corretor, até que três infartos lhe mostraram que era hora de parar. A parada foi compulsória e a escrita, então a saída para se ocupar.
O livro, "Tesouro enterrado e outras estórias" é um apanhado de contos com poesias de autoria de Nalvo. "Esses contos eu chamo de estórias, porque na vida a gente tem que diferenciar histórias de estórias, que não são muito comprometidas com a verdade", brinca.
Na região onde Nalvo cresceu, quando começava escurecer era hora de se juntar com os vizinhos ao redor dos contadores de histórias.
"Eles criavam e inventavam, misturando fatos reais à ficção e daí saía um conto ou uma estória", explica. Para dar ares de autenticidade, os personagens sempre tinham nomes e residiam em cidades verídicas. Nunca aquela onde o contador estava, mas sempre pela redondeza.
O livro reúne um pouco disso. De invenção e contos que acompanham o autor desde a infância. As ilustrações são de Joaquim Franco, parente da Bahia, arquiteto e artista plástico. As estórias se passam, quase a maioria no Nordeste. Mas o conto que dá nome ao livro tem como pano de fundo, Minas Gerais.
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"Existia uma tradição que o pessoal enterrava dinheiro e quando aquela pessoa morria e ninguém achava o dinheiro, virava assombração. Me foi contada quando eu era criança, adaptei do meu jeito. se ninguém encontrar, está condenado a ficar vagando..." Daí o nome "Tesouro enterrado".
Emotivo, o escritor enche os olhos para falar do Nordeste, da cidade de Jacobina e da saudade. Como escrever era gosto e vício, o livro dá vida aos contos que já eram escritos desde 1998. "Não sou poeta e nem tampouco escritor, mas as pessoas liam, diziam que estava muito bom e me perguntavam: 'quando vai publicar?'"
"Tesouro enterrado" foi lançado na última quinta-feira e segundo o autor, dependendo da aceitação, pode ir para pequenas livrarias. A família mesmo quem bancou a publicação. O livro custa R$ 20,00 e pode ser comprado direto com seu Nalvo, pelo Facebook ou no e-mail: nalvofranco@uol.com.br.