Do caos à invisibilidade, Moura registra o sorriso que insiste em ficar
Após anos fotografando casamentos, Cássio hoje move as pessoas através de sorrisos
O estúdio fotográfico do tio ainda é “vivo” nas memórias do fotógrafo campo-grandense Cássio Moura, de 27 anos. Foi de lá que ele viu nascer o sonho de registrar um mundo, ou parte dele, através da fotografia. Após anos dedicados a registrar casamentos e histórias de amor, Cássio hoje move as pessoas através de sorrisos, clicados em um projeto que mostra a sensibilidade de crianças e adultos mesmo em situação de vulnerabilidade.
“Comecei na fotografia aos 14 anos, meu tio tinha um estúdio fotográfico e foi lá que comecei a aprender as coisas básicas. Fotografei por 6 anos casamento, mas há 2 anos comecei a mudar o significado da minha fotografia, desejava algo que me movesse e pudesse contribuir com a sociedade, então me vi na fotografia documental”.
Cássio agora faz parte de um projeto social chamado “Amoras”, em que diferentes profissionais levam tecnologia, cultura e educação para as crianças mais vulneráveis, e através da fotografia consegue documentar e ajudar as pessoas de alguma maneira. “Este ano retratamos a cidade com o menor índice de desenvolvimento humano do país que se chama Melgaço no Pará, lá conseguimos fazer fotos espetaculares e vimos que mesmo com muito pouco eles conseguem sorrir, por isso, foco muito minha fotografia nas expressões e o no sorriso”.
O projeto chega às pessoas em situação de vulnerabilidade social e em comunidades afastadas, que enfrentam invisibilidade, o esquecimento e preconceito, diz o fotógrafo. “O projeto acredita que essas crianças podem e devem contar suas histórias e compartilhá-las com outras crianças, situações que muitas vezes retira a identidade destes pequenos, e tudo isso visto através do olhar deles e delas”, explica.
As crianças e jovens muitas vezes não possuem essa linha imaginária que divide países, que estabelece fronteiras, portanto, o projeto espera e tem como meta futura, traçar uma aliança entre elas, suas infâncias, vivências, esperanças e sonhos.
“Por isso, o projeto atua abrigando ações, oficinas de audiovisual, arte-educação e escuta através da metodologia educomunicativa, fazendo dos resultados intervenções artísticas e culturais com crianças e adolescentes de 4 a 17 anos, a proposta central do projeto é criar e demonstrar condições de ampliação de repertórios e realidades entre eles, expandindo a capacidade de invenção, organização e comunicação”.
O projeto Amoras já atendeu em cinco anos mais de 400 crianças de comunidades e escolas em diversas regiões do país e no estado de São Paulo, as ações já passaram também por três aldeias indígenas de Sidrolândia e Jaraguari, no quilombo de Furnas do Dionísio.
“Para nós, o projeto é a plataforma onde podemos conectar cada vez mais pessoas com o trabalho que fazemos, levar amor a quem precisa, causar impacto social, dando visibilidade e equidade a uma sociedade desigual onde ninguém, nenhuma criança deve ser deixada para trás”.
Com o trabalho, Cássio também transformou sua maneira de ver o mundo. “Cada trabalho é uma transformação, e com isso eu aprendi a olhar o mundo de uma forma mais amorosa e atento a necessidade do próximo, isso me ajudou a buscar mais as expressões das pessoas e o sorriso principalmente”.
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