Do jardim da mãe até arquitetura, um pouco de tudo vira cerâmica
Pé de romã, samambaias e cobogó são algumas inspirações usadas por Mariana Midori
Seja por acaso ou intencionalmente, as cerâmicas de Mariana Midori Moreira Sugai reúnem inspirações que vão desde o jardim da mãe até sua formação como arquiteta. São pratos estampados com folhas encontradas na área verde de dona Marisa, vasos que têm cobogós como referência e até peças que, sem querer, se parecem com o quadro “Noite Estrelada”, de Vincent van Gogh.
Explicando que as referências e inspirações surgem a partir das vivências mais variadas, Midori comenta que desde leituras, lembranças de infância e até viagens, cada momento pode acabar tendo sua parte nas produções. E, olhando as cerâmicas, isso faz sentido na prática.
Começando pelos pratos, Mariana relata que por um tempo trabalhou no quintal da irmã, ao lado do jardim da mãe. “Eu tinha visto no ateliê pessoas usando renda para fazer textura, vi algumas estampas de folhas também. Quando estava com o ateliê no quintal, essa convivência com o jardim é que me deu vontade de tentar”.
Midori conta que fez alguns testes com folhas de samambaias e, após ver que havia ficado bonito, não parou mais. “Tento não pegar muitas folhas da mesma planta para não tirar muito delas”, conta, já que o jardim precisa continuar por lá.
Sobre o processo, ela narra que escolhe a planta, molda a cerâmica e adiciona a folha para fazer a estampa. Em seguida, a retira e dá continuidade aos processos até o momento de pintura e finalização.
Além das folhas, um pote em formato de romã também surgiu graças ao jardim de dona Marisa, que possui um pé da fruta bastante antigo.
Já partindo de outro âmbito, um vaso mostra como os conhecimentos adquiridos na Arquitetura conseguiram ter influência nos trabalhos da ceramista.
“Algumas peças trazem mesmo essas referências. Um dos exemplos em uma escala mais óbvia são os detalhes que se assemelham ao cobogó. Eu trouxe nas texturas de algumas peças, já que estava testando vasos de parede dupla e coloquei esse vazado”, ela comenta.
E, mostrando que a imprevisibilidade que integra a cerâmica também é algo positivo, Midori comenta sobre como as estampas de Noite Estreladas apareceram em seus trabalhos.
“Muitas vezes, nós fazemos a mistura do esmalte, que é a tintura, e vemos no que vai dar porque nunca conseguimos ter certeza de como realmente vai ficar no final. Às vezes, o forno queima diferente e o tom pode mudar. No caso do Noite Estrelada, eu não fiz pensado da primeira vez e, quando saiu do forno, fiquei muito apaixonada”, detalha.
A partir dali, ela conseguiu aprimorar a técnica e levar a coloração também para outras peças, como ocorre hoje.
Sobre seu processo como um todo, Midori comenta que nos últimos três anos saiu da Arquitetura para se dedicar à cerâmica. E, quando começou os aprendizados, sua experiência artística era apenas o contato com o campo abordado na graduação de Arquitetura.
Pensando sobre as diferenças entre 2020 e hoje, ela explica que tudo ainda parecia imprevisível. “No começo, era mais a argila mandando em mim. Isso é comum porque a gente vai pegando o jeito das coisas, mas hoje em dia tenho um controle maior. Planejo algumas peças e vou fazendo”.
Mesmo assim, por se tratar de um trabalho manual, Midori explica que acontece de peças serem realmente únicas. “Às vezes, faço um experimento e não consigo reproduzir de novo e até peças que consigo não ficam exatamente iguais”, diz.
Para conhecer mais sobre seus trabalhos, o perfil no Instagram é @midori.ceramica.
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