Em documentário, historiadora narra tragédia de balsa que matou 40
O trabalho da historiadora irá representar Mato Grosso do Sul no Clapperboard Golden Festival
Para trazer à tona uma história pouco lembrada pelos moradores de Fátima do Sul, a 243 km da Capital, Rosimeire Bertolin, de 39 anos, produziu um curta-metragem. Intitulado “Balsa”, o trabalho audiovisual da historiadora narra o acidente registrado no Rio Dourados, que causou a morte de 40 pessoas e deixou somente três vivas.
A pesquisadora comenta que resolveu produzir o documentário após notar que poucos moradores do município conheciam a história da balsa. “Eu sou professora de História e vi que os mais jovens e até mesmo adultos não sabiam dessa história. Como historiadora, achei importante contar essa história e valorizar o município”, afirma.
No documentário, que também conta com a direção de Gustavo Santana, o público consegue entender a tragédia a partir de relatos de profissionais da educação e uma moradora que presenciou o acontecimento. Leonice Santos, conforme Rosimeire, é a única testemunha que continua viva. “Ela tinha sete anos, viu a balsa afundando e diz que tem medo de passar na ponte até hoje, porque lembra das pessoas gritando”, diz.
Apesar de ter pesquisado durante meses antes de começar a gravar, a historiadora revela que no processo de filmagem, conheceu novos relatos envolvendo o acidente. “Na balsa, havia dois jovens que estavam casados há poucos dias e eles morreram. Então, a gente se emociona com esses relatos, principalmente com a dona Leonice”, expõe.
Em um trecho do documentário, Leonice comenta que algumas pessoas foram carregadas pela forte correnteza do Rio Dourados. “O rio estava pior que o mar”, ela menciona. Outro momento que ficou marcado para a senhora foi o desespero das vítimas. “Eles afundavam, boiavam, davam com a mão. Mas quem ia acudir, né?!”, questiona.
O acidente, segundo a historiadora, ocorreu porque um dos equipamentos da balsa não era apropriado para o modelo, tamanho e peso da embarcação. “Os cabos que seguravam a balsa não eram os corretos. Por ser uma balsa pesada, os cabos deveriam ser de duas polegadas, mas colocaram uns finos de uma polegada e meia”, esclarece.
Devido à ausência de tecnologia na época, as informações relacionadas a balsa não são muitas, sendo que não existe nenhum registro fotográfico ou imagens do modelo da balsa. Mesmo assim, o documentário aborda o contexto geográfico, histórico e a forma como o meio de transporte foi empregado na vida dos primeiros moradores de Fátima do Sul.
Com essas informações, o público consegue entender o contexto no qual essa embarcação foi desenvolvida e a forma como o acidente impactou os moradores na época. Em “Balsa”, Dona Leonice relata que tinha costume de brincar no rio e passear de barco, porém tudo mudou após testemunhar a tragédia que deixou três sobreviventes.
Lançado em 2021, o trabalho da historiadora irá representar Mato Grosso do Sul no Clapperboard Golden Festival. O evento acontece em São Paulo, a partir de nove de março.
Animada com a indicação, Rosimeire celebra a conquista em meio a tantas inscrições. “Foram 1.994 inscrições e só o meu e o de outra pessoa foram selecionados no Mato Grosso do Sul”, frisa.
Para que a história seja conhecida pelos jovens de Fátima do Sul, o documentário deverá ser utilizado como material nas aulas.
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