Feira Afro entra para calendário da cidade, com culinária, moda e artesanato
Com variedades de produtos da cultura afro, o evento é realizado por mulheres
Em sua terceira edição, a Feira Afro se consolida como um evento periódico em Campo Grande, itinerante e semestral. A feira é uma ação em conjunto, mas de inciativa do Coletivo de Mulheres Negras de Mato Grosso do Sul. A Associação dos Artesãos da praça dos Imigrantes apoia essa edição, além dos organizadores da feijoada servida aos sábados.
De acordo com a diretora do Coletivo de Mulheres Negras, Ana José Alves, de 60 anos, a feira quer promover a cultura negra em todas as suas formas, do artesanato à moda, da culinária à capoeira. “A iniciativa começou no dia 25 de julho de 2017, quando fizemos aqui, na Praça dos Imigrantes, o Sarau das Negras. Convidamos alguns expositores e decidimos por organizar esse evento”, explica.
Turbantes, vazzi, tranças, artesanato religioso, cangas de orixás, ilustrações e grafites tomaram conta da Praça dos Imigrantes, isso sem contar o cheirinho do azeite de dendê vindo da barraquinha do Acarajé.
Das 9h às 16h, o movimento era constante. A capoeira animou o público e trouxe a chuva. Mas mesmo debaixo d'água, os militantes não deixaram de comparecer à roda de discussão sobre o filme Pantera Negra, ministrada pelo integrante da ONG Ibis.
O protagonismo negro era visível no espaço. Ali, quem estava em minoria eram os brancos. Mas Ana destaca que qualquer um pode expor no evento, desde que trabalhe com a temática negra.
É o caso da carioca Cris Portela, de 61 anos, que leva suas produções de roupas feitas a partir de cangas, com temáticas religiosa de orixás, vendidas desde a 1ª edição da feira. "Eu também faço parte do Coletivo de Mulheres Negras porque me identifico com alguns pontos. Aqui eu estou desde o começo e vendo muito bem. Sou bem recebida e faço parte disso tudo já", diz ela.
Cada uma de suas cangas espiritualistas custa R$ 70, mas as peças de moda saem a partir de R$ 30. "Isso aqui é minha renda, é onde eu me completo. Eu quem crio as artes, compro o tecido e levo para uma costureira", explica.
Expositor que veio da África para o Brasil em busca de mais oportunidades, Bamba estava lá pela primeira vez. Quem faz as peças, chamadas de vazzi, bem semelhantes a um vestido túnica, é sua mãe, e ela envia as peças direto do país de origem da família. "Trabalho no centro da Capital e soube da feira por uma amiga", diz.
Direto de Mato Grosso, vieram conferir a feira os integrantes da Comunidade Quilombola do Mato Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento, na intenção do intercâmbio de informações. A professora da comunidade, e também coordenadora do grupo de dança de lá, Lucilene de Pinho Ferreira, conta que se sentiu encantada com tudo que viu na praça. "Meu coração se sentiu grato ao ver a energia dos nossos ancentrais aparecendo, sendo vista. Estar aqui é promover o intercâmbio de conhecimento, trazer e aprender", explica.
Nas próximas edições, a Comunidade Quilombola irá trazer mais integrantes, inclusive para expor da Feira Afro, e quer também apresentar o projeto do grupo de dança. "Com certeza eles vão ficar sabendo de tudo que aconteceu aqui. Mas uma coisa é ouvir, a outra é ver de perto, pegar, sentir o toque, vivenciar", completa a professora.
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