Grafites mostram o valor do trabalho dos catadores para cidade
Paredes e muros da cooperativa estão coloridas, como forma de valorizar esses profissionais da reciclagem
No último sábado (30), 32 artistas grafiteiros decidiram sair de casa e fazer parte do Pimp Nossa Cooperativa, evento que nasceu de um movimento que luta para tirar os catadores de materiais recicláveis da invisibilidade, promover a autoestima e sensibilizar a população sobre a importância do trabalho desse grupo.
Os artistas pintaram e grafitaram a UTR (Unidade de Triagem de Resíduos de Campo Grande) com murais temáticos de sustentabilidade e meio ambiente. Junto, o grupo levou uma vasta programação cultural de shows, oficinas, atendimento odontológico e brincadeiras.
Foram quase 10 horas do evento que terminou com as paredes coloridas, para destacar a existência da UTR.
“Nosso objetivo é trazer visibilidade ao trabalho deles, importante em todas as cidades, que é cuidar dos resíduos que a sociedade civil gera. Com esse trabalho que envolve grafite e programação cultural, a gente quer trazer visibilidade, também, à cooperativa, para que as pessoas saberem que ela existe e cuida da cidade”, explicou Letícia Tavares, de 35 anos, socióloga e presidente do movimento Pimp My Carroça, o movimento que atua em prol dos catadores de recicláveis através da arte, tecnologia e participação coletiva.
Acredite, ainda existe quem não saiba que Campo Grande conta com uma única UTR para atender a coleta seletiva de toda a cidade, muito menos sua história.
Tudo começou no lixão de Campo Grande, era dali que 250 catadores tiravam o sustento para suas famílias. O local foi fechado pela Prefeitura em 2016 e deu lugar à UTR.
Dentro da unidade funcionam quatro instituições de materiais recicláveis: a Associação Atmaras e as cooperativas Novo Horizonte, Cata MS e Coopermaras, fazendo um trabalho não só dos materiais recicláveis, mas das próprias pessoas, gerando emprego e renda.
No entanto, a UTR tem pouca visibilidade, e isso impacta diretamente na quantidade e qualidade do material recebido. “Cerca de 50% dos materiais que chegam aqui são rejeitos”, comenta a catadora Gilda Macedo.
Por isso, o Pimp Nossa Cooperativa atua para fortalecer os profissionais da reciclagem e dar mais visibilidade ao importante trabalho realizado pelas cooperativas.
Mãe de 9 filhos, Lucia Rodrigues, de 49 anos, é catadora de recicláveis há 16 anos. Começou trabalhando no lixão até que teve a chance de ir para a UTR. Apesar do trabalho que começou em meios aos riscos, ela tem orgulho de ser catadora. “Criei os meus filhos e hoje 4 deles trabalham comigo. Tenho muito orgulho do meu trabalho”.
Durante o mutirão artístico realizado no sábado, o sentimento dela foi de emoção. “É um projeto muito bonito, precisamos ter mais visibilidade ao nosso trabalho. Agora é um novo visual para nossas cooperativas”, destacou a catadora.
O artista Leonardo Mareco foi um dos 32 que participaram da ação e ficou feliz de ver os olhos dos catadores brilhando com as cores que foram surgindo ao longo do dia nas paredes. “São pessoas guerreiras que trabalham reciclando e fazendo um trabalho muito importante. É enriquecedor agregar a vida deles, levantar autoestima dos trabalhadores, valorizar, levar esperança e tocar as pessoas, mostrar que os catadores são importantes na vida das pessoas”, destacou.
Confira a galeria de imagens:
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