Justiça manda prender cantor Gusttavo Lima em esquema de Bet
Principal acusação é que ele ajudou na fuga de proprietários de empresa de jogos
A Justiça de Pernambuco expediu mandado de prisão preventiva contra o cantor Gusttavo Lima. A juíza Andréa Calado da Cruz alegou “alarmante falta de consideração pela Justiça” por dar “guarida a foragidos”. Mas o sertanejo também é suspeito de lavagem de dinheiro. A decisão ainda ressalta que os jogos “destroem famílias... de forma mais cruel a classe trabalhadora, que se vê presa em ciclos de endividamento e desespero”.
A suspeita é que o cantor tenha ajudado na fuga de José André Neto, que é dono da casa de apostas Vai de Bet, e Aislla Sabrina Rocha, esposa e sócia de José. O casal teve a prisão decretada no início do mês, quando comemorava, na Grécia, o aniversário de Gusttavo.
Para a juíza, o cantor foi conivente, garantindo a permanência do casal no exterior, o que “compromete a integridade do sistema judicial e também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade”.
Além de ser garoto propaganda do Vai de Bet, o sertanejo vendeu um avião a José Neto e, assim, entrou na mira da Polícia Federal.
Todos são investigados pela Operação Integration, contra jogos de azar, que já levou à prisão a influenciadora e advogada Deolane Bezerra, acusada de utilizar sorteios no Instagram para lavagem de dinheiro.
A operação não teve só as bets como alvo, mas a lavagem de dinheiro de jogos ilegais. Um relatório da Polícia Civil pernambucana mostrou, por exemplo, a suspeita de que a organização criminosa lavava dinheiro do jogo do bicho por meio de uma das bets, depois de encontrar um livro de anotações ligando os dois esquemas.
O avião que era do cantor foi apreendido no inicio do mês, em Jundiaí (SP). A aeronave está registrada no nome da empresa Balada Eventos, mas é operada pela empresa JMJ Participações. Justiça bloqueou R$ 20 milhões e determinou o sequestro de todos os imóveis e embarcações que estão em nome da Balada Eventos .
"Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas. A conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado"
Em nota, o Tribunal de Justiça de Pernambuco justifica que "foi determinada a indisponibilidade de bens dos envolvidos, visando garantir a reparação dos danos e a eficácia das medidas judiciais". Mas não divulgou se cumpriu ou não o mandado contra Gusttavo Lima nesta segunda-feira.
O TJPE também informou que "manteve todos os decretos de prisão já expedidos anteriormente, incluindo o da influenciadora Deolane Bezerra, e determinou a difusão vermelha junto à Interpol para a captura dos que estão foragidos. A Operação Integration tem como objetivo desarticular um esquema de lavagem de dinheiro que movimenta grandes quantias através da exploração ilícita de jogos. O processo permanece sob sigilo para garantir a integridade das investigações em andamento", afirmou a juíza Andréa Calado da Cruz em sua decisão.
Em nota à imprensa nacional na semana passada, a defesa de José Rocha Neto e de Aislla disse que os dois "não praticaram qualquer ilegalidade e isso será demonstrado com fatos e documentos na investigação" e que "a medida de prisão não se justifica".
No fim da tarde, a defesa de Gusttavo Lima informou que soube do mandado pela imprensa. "Ressaltamos que é uma decisão totalmente contrária aos fatos já esclarecidos pela defesa do cantor e que não serão medidos esforços para combater juridicamente uma decisão injusta e sem fundamentos legais."
Segundo os advogados, "a inocência do artista será devidamente demonstrada, pois acreditamos na justiça brasileira. O cantor Gusttavo Lima jamais seria conivente com qualquer fato contrário ao ordenamento de nosso país e não há qualquer envolvimento dele ou de suas empresas com o objeto da operação deflagrada pela Polícia Pernambucana."
*Matéria editada para acrescentar nota da defesa.