Longe do romantismo clichê, o irreverente G Ribeiro volta à música após 15 anos
Geraldo Ribeiro, ou G Ribeiro, como assina artisticamente, é um cantor de MS que foge de qualquer clichê. "Não faço música romântica", deixa claro. "Já existem tantos fazendo romantismo, não precisam de mais um", explica, em seguida.
De fato, a nova música do artista, "Palavras Pequenas", lançada na semana passada nas plataformas digitais, traz uma letra bem-humorada e provocante, cheia de duplo sentido e sem nenhum traço do melodrama tão comum nas rádios e shows.
"Vá tomar no...", ele começa. Pra depois explicar: "não é palavrão / é uma palavra pequena, duas letras apenas: ar", completa, antes de mergulhar em um amontoado de referências e subtextos que brincam com a percepção do ouvinte.
É a sua primeira música inédita desde 2002, quando lançou seu primeiro e único disco solo, "Mentira & Ficção".
Carioca e formado em veterinária, Geraldo tem 59 anos. Fez carreira em Campo Grande quando participava de bandas nas décadas de 80 e 90. "O Poranguetê foi o primeiro grupo musical campo-grandense a se apresentar no Circo Voador, no Rio de Janeiro", relata. O ano era 1982.
Ele ficou conhecido pelas letras irreverentes. Uma das que mais fizeram barulho foi a "Cotoco de vela", de sua autoria. "Nunca me esqueço daquela noite, à luz cotoco de vela", entoa. Em outra canção, "Rabo de Arara", de Lenilde Ramos e Joel Pizzini, diz: "Não sei se faço um poema pra ema ou uma poesia para o espanador / ou pro tucano que virou enfeite, pra onça que virou tapete".
Apesar de ter marcado a cena musical por esse seu estilo único, acabou se dedicando a sua profissão principal, como veterinário. Se aposentou ano passado, mas desde 2015 já vinha trabalhando na produção de suas composições, algumas escritas há anos e outras recentes.
"Meu primeiro trabalho era mais eletrônico. Agora esse será mais orgânico, mais flautas, pianos acústicos, mais guitarra", define. A parte lírica não vai mudar tanto. "É a mesma bobagem", brinca. "A mesma abordagem comportamental, quase nada de romântico. Tem tanta coisa pra você falar na vida, tanta coisa pra comentar", reflete.
O produtor musical do novo álbum, que ainda não tem título definido (por enquanto é "Psicopolca", mas pode mudar), é Julio Queiroz, 31 anos, fundador do Estúdio Pantanália. O encontro entre produtor e cantor aconteceu de maneira inusitada. "O Geraldo morava perto, por coincidência. Veio conhecer o estúdio e assim começamos a trabalhar, há 2 anos", explica Julio.
Ele ainda não estava familiarizado com o trabalho de Geraldo. "Quando eu escutei, não acreditava como não conhecia antes. É um som do jeito que eu gosto", afirma. "É experimental, mas de um jeito simples e fácil de ouvir. Grandes nomes conseguem fazer isso, como Tom Zé, por exemplo", compara.
O álbum ainda não tem data de lançamento, os dois só afirmam que devem lançar mais quatro ou cinco músicas, nas plataformas digitais, antes de liberar o projeto completo, nos próximos meses.
"A próxima música será uma parceria com a banda Muchileiros", adianta Geraldo, que se diz feliz pela repercussão positiva nas redes sociais, de jornalistas e artistas que ouviram sua música nova. "É muito legal ganhar reconhecimento, ainda mais pela dificuldade de fazer algo assim, caprichadinho, e sem depender de ninguém, de maneira independente", finaliza.
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