ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, DOMINGO  24    CAMPO GRANDE 31º

Artes

Netflix exibe "Só dez por cento é mentira", filme a Manoel de Barros

Documentário volta às origens e mostra conversas do poeta com o diretor Pedro Cezar

Ângela Kempfer | 18/10/2022 14:10


“Há várias maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira”. A frase de Manoel de Barros chama o público para o documentário “Só dez por cento é mentira”, que estreia na Netflix com a biografia do poeta.

A vida do homem que nasceu em Cuiabá (MT) e morreu com orgulho sul-mato-grossense é dirigido pelo cineasta Pedro Cezar. Lançado 6 anos antes da despedida de Manoel em 13 de novembro de 2014, o trabalho de 1h21min fala da universalidade da poesia simples de quem foi considerado um dos maiores da língua portuguesa.

No longa, quem não conhece Manoel descobre o homem que nasceu no Beco da Marinha, na beira do rio, mas veio criança para estas bandas, morador ilustre da Rua Piratininga, no Jardim dos Estados, que hoje é um museu cheio de poemas, como os feitos no Pantanal. "Vivi nos brejos, lugares úmidos que custam muito a secar. Eu convivi muito com essas palavras que aparecem em mim”.

Material de trabalho, em imagem do documentário. (Foto: Reprodução)
Material de trabalho, em imagem do documentário. (Foto: Reprodução)

Em entrevista ao Campo Grande News, por ocasião do lançamento, o diretor do filme de 2008, lembrou os dias de conversa com Manoel em Campo Grande, durante a produção e depois captação dos depoimentos. “Uma pessoa incrível. Tomar um café com ele, ver como o Manoel interagia nas coisas mais banais, foi um aprendizado”.

A inspiração foi óbvia, diante do poeta que tirou o homem do centro das atenções para falar de sapos, formigas, cobras e gotas d'água. "Poderoso não é quem descobre ouro, mas quem descobre as insignificâncias". Falando assim, seguiu uma vida toda, dando lições de humildade. Admirava Charlie Chaplin, por exemplo, por ele ter “monumentado" o vagabundo.

Manoel costuma dizer que demorou dez anos para ver a fazenda da família dar lucro e ai "comprar o ócio" para escrever.

Manoel na vida simples da fazenda, reproduzida em filme. (Foto: Reprodução)
Manoel na vida simples da fazenda, reproduzida em filme. (Foto: Reprodução)

Segundo o diretor, uma das maiores grandezas na obra do poeta foi a simplicidade ao falar de temas do mundo. “Por mais que ele tenha escolhido o Centro-Oeste para viver, ele viajou muito. A cabeça do Manoel, o trabalho em palavras não pode ser associado a determinada região é totalmente universal”, reforça.

Manoel de Barros tinha duas fazendas herdadas do pai, lugares onde surgiu a maioria das inspirações para escrever. No documentário, Pedro Cezar voltou a essa região e procurou pessoas que participaram dessa etapa da vida do poeta para ressignificar as “desimportâncias” biográficas dele.

"Só dez por cento é mentira" também pode ser visto no Youtube e ganhou os prêmios de melhor documentário longa-metragem do II Festival Paulínia de Cinema 2009, de melhor direção de longa-metragem documentário e melhor filme documentário longa-metragem do V Fest Cine Goiânia 2009.

Coleção de livros de Manoel. (Foto: Reprodução)
Coleção de livros de Manoel. (Foto: Reprodução)

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).

Nos siga no Google Notícias