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Artes

Papel transforma Pantanal em stop motion para falar sobre incêndios

Na arte das dobraduras, fauna e flora pantaneira formam os personagens de stop motion sobre bioma em chamas

Raul Delvizio | 21/04/2021 08:55
"Cinzas no Pantanal" é o curta em stop motion que, pelo papel, brinca com a delicadeza e perenidade da natureza (Foto: Bruna Barbosa)
"Cinzas no Pantanal" é o curta em stop motion que, pelo papel, brinca com a delicadeza e perenidade da natureza (Foto: Bruna Barbosa)

Para passar uma mensagem de conscientização e preservação ambiental do Pantanal sul-mato-grossense, a arte milenar da dobradura de papel – origami – transformou a fauna e flora do bioma pantaneiro em personagens de um curta-metragem feito em stop motion (técnica de animação quadro-a-quadro) que não somente brilham os olhos de quem assiste, mas com graciosidade e seriedade ressalta que a natura ainda arte em chamas.

Assim nasceu "Cinzas no Pantanal". Justamente quando as imagens de um Pantanal pegando fogo corriam o mundo, a notícia sensibilizou a cineasta Mariana Marques e o diretor de animação Tiago Franco que resolveram investir em um projeto  que passasse uma mensagem de conscientização para crianças e adultos.

"Ano passado foi um ano histórico em diversas questões, uma delas, principalmente, do número de queimadas no Pantanal e em área de extensão. Como sou sul-mato-grossense, não tenho como não ficar tocada com a tragédia. Foi isso que me motivou a escrever um projeto que retratasse, mesmo que de forma lúdica e poética, o questionamento crítico desses fatos”, afirma Mariana.

Registro dos bastidores do projeto, que contou com mais de 350 horas de trabalho só na produção (Foto: Bruna Barbosa)
Registro dos bastidores do projeto, que contou com mais de 350 horas de trabalho só na produção (Foto: Bruna Barbosa)

Ela conta que desde quando formulou o projeto já o imaginou executado em papel, o que – no stop motion – não é o material mais utilizado para a técnica. "Mas o papel traça um paralelo com o tema da animação, pois é delicado, assim como o meio ambiente também o é", explica.

Com a ajuda do mestre origamista Elder Alves, o curta-metragem teve sua produção em capturas quadro-a-quadro, utilizando cenários e figuras confeccionadas pela arte da dobradura de papel. Segundo o diretor de animação, que trabalha com stop motion há mais de 15 anos, o principal desafio foi encontrar o "movimento" de cada peça desenvolvida.

"Tivemos mais de 350 horas de trabalho, fora o tempo de pré-produção e de edição, que também são essenciais. No stop motion, tudo é programado, por isso precisamos saber como aquela figura vai se comportar para poder gerar uma animação com o resultado pretendido. É uma técnica muito minuciosa", complementa Tiago.

No verde do Pantanal, capivara se abriga em arbusto que ainda não pegou fogo (Foto: Bruna Barbosa)
No verde do Pantanal, capivara se abriga em arbusto que ainda não pegou fogo (Foto: Bruna Barbosa)

E isso tudo pensado não só para crianças, mas para todos os públicos. "É preciso se refletir o por quê do fogo atacar o Pantanal todos os anos. As queimadas acontecem quase sempre por ação humana e assolam o bioma principalmente no inverno, período de seca. Sempre existe um movimento cíclico de chuva e renovação de pelo menos parte do que foi perdido. Mas até quando?", questiona Mariana.

Além da exibição do curta, o projeto vai lançar nas redes sociais três vídeos também curtinhos com tutoriais de origami de alguns animais pantaneiros, além de uma cartilha virtual com instruções de dobraduras para todos que quiserem realizar em casa. Ainda, será ministrada uma aula on-line de origami exclusiva para os professores da REE (Rede Estadual de Ensino), que serão informados pela SED (Secretaria Estadual de Educação).

O projeto, que foi financiado com recursos da Lei Aldir Blanc (edital Morena Cultura e Cidadania), por intermédio da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), terá sua pré-estreia neste domingo (25), às 19h, no canal do YouTube.

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