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Artes

Pichações nos muros de Campo Grande também falam de amor

Pichadores desafiam a lei para pichar mensagens românticas nos muros da cidade

Bárbara Cavalcanti | 08/05/2021 11:36
Alguém se declarou para uma Carol por meio de pichação no Jardim Panamá. (Foto: Bárbara Cavalcanti)
Alguém se declarou para uma Carol por meio de pichação no Jardim Panamá. (Foto: Bárbara Cavalcanti)

Elas estão espalhadas por vários cantos da cidade. São pichações em várias esquinas de prédios, abandonados ou não, e é fácil passar na correiria do dia-a-dia sem nem reparar ou pensar muito à respeito. Na maioria, são apenas códigos e letras que apenas os pichadores entendem. Mas há também mensagens escritas de maneira legível para que o recado fique claro. E alguns pichos desafiam a lei para falar até de amor.

Quem passar de carro pelo Santa Fé, vai encontrar o pedido: “Me beija”. Esse picho está quase escondido entre os paisagismo da construção e quem passa muito rápido de carro ou anda distraído pela rua pode até nem reparar. Por quem a pessoa que escreveu o recado quer ser beijada não tem como saber, mas ele está ali registrado no muro para todo mundo ver.

Pedido "me beija" passa quase despercebido no Santa Fé. (Foto: Bárbara Cavalcanti)
Pedido "me beija" passa quase despercebido no Santa Fé. (Foto: Bárbara Cavalcanti)


As reações das pessoas às mensagens variam. Na esquina da casa da aposentada Neicy Aparecida Neves Mendes, no bairro Jardim Panamá, está pichada uma declaração de amor: “Te amo Carol”. De acordo com Neicy, a mensagem já está lá há pelo menos mais de um ano, que foi quando ela se mudou para aquela localização. Mas a reação à declaração por parte da dona do muro é de indiferença ao conteúdo da mensagem. “Eu não vou pintar por cima porque a casa é alugada, então cabe ao dono decidir o que fazer. Eu mesma não me importo muito não”, comenta.

Na Avenida Julio de Castilhos, também na região do Jardim Panamá, está pichado no alto de uma loja o elogio: “Mulher, vcs são lindas”. A vendedora Lucyanne Rodrigues Monteiro até que achou bacana a mensagem, mas ainda sim não vê porque pichar o muro. “Eu conversei com minha amiga esses dias sobre isso. Como será que eles subiram ali em cima? Achei até legal, mas acho que tem outras formas de transmitir a mensagem”, explica.


Na Avenida Júlio de Castilhos, pichadores deixaram a mensagem no alto do prédio. (Foto: Bárbara Cavalcanti)
Na Avenida Júlio de Castilhos, pichadores deixaram a mensagem no alto do prédio. (Foto: Bárbara Cavalcanti)


Já a autônoma Caroline Higa gosta das mensagens. “Eu não gosto daqueles garranchos. Mas sempre reparo e gosto das que são divertidas e das românticas. Quando era mais nova inclusive até anotava para depois pesquisar se tinha algum significado”.

O grafiteiro e artista urbano Muriel Curvex ganha a vida fazendo desenhos em grafite e explica a diferença entre as duas coisas. “Grafite e pichação é a mesma coisa, só teve uma evolução estética, mas a intenção é a mesma. É passar uma mensagem”. Ele também reforça que ao grafite é para causar reflexão.

No Jardim dos Estados está registrado um trecho da música “Estive”, do grupo Vanguart. A música, dependendo da interpretação, pode ser uma canção de amor, mas o próprio autor da letra, o músico Hélio Flanders, é famoso por falar em suas redes sociais que deseja que as pessoas sintam suas músicas, além de querer saber a intenção dele quando escreveu.


"E na tua casa beijei tua alma" é picho com trecho da música do grupo Vanguart no Jardim dos Estados. (Foto: Geniffer Rafaela)
"E na tua casa beijei tua alma" é picho com trecho da música do grupo Vanguart no Jardim dos Estados. (Foto: Geniffer Rafaela)


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