Por R$ 8, Rodrigo vive de pássaros que não precisam de gaiola
Artesão esculpe à preço popular passarinhos que não cantam como os verdadeiros, mas também não irão voar perambulando por aí
Passarinho, que som é esse? É apenas o conhecido som do bem-te-vi a cantar lá fora, chamando atenção. Do lado de cá, no ateliê de Rodrigo, a versão esculpida está logo ali repousada na canto da mesa de trabalho. Este é o único pássaro que eu já peguei em mãos sem ter o receio de que ele voasse. Na minha imaginação, esse passarinho também cantava, fazendo companhia ao verdadeiro.
No "aviário" de Rodrigo Mendes, é possível encontrar sanhaços, campainhas, saíras, sabiás, joões-de-barro e, é claro, vários bem-te-vis. Cada artesanato de passarinho sai por R$ 8, sem distinção de tamanho ou cor. "Teve até uma bióloga que disse que eu entendia mais de pássaro do que ela. É a minha profissão", desconversa o artesão de 41 anos.
O acaso foi o que levou ele a cultivar especialmente os passarinhos. Com material sobrando de outro artesanato que havia feito, resolveu apostar nas aves. "Primeiro modelo o gesso na forma de silicone. Só o bico e o rabo que faço com massa plástica, para dar um pouco mais de resistência". No canivete ele retira as rebarbas, fixa na base e depois passa tinta látex em tudo, deixando branco. "Aí que faço a pintura com diversas cores. Me baseio em fotografia, imagens de passarinhos mesmo, para não errar na tinta".
Desde pequeno, o avô Edgard foi quem ensinou o ofício. "Eu via ele trabalhando e gostava do que fazia. Teve um dia que resolveu me mostrar uma modelagem básica". E qual era a temática? Fauna pantaneira. Desde então não parou mais. "A primeira peça que comecei a fazer para venda foi o jacaré. Aí fui pras onça-pintadas, e só depois os passarinhos apareceram", explica.
Antes da pandemia, o artesão tinha o costume de comercializar suas peças na Casa do Artesão ou presencialmente na Praça Bolívia. Agora, mesmo com a venda mais escassa, continua a modelar passarinhos no seu ateliê, que fica nos fundos da casa onde seu avô um dia o ensinou. "Tudo bem, tenho me virado. Estou testando uma peça nova, o beija-flor. Faço do mesmo jeito que os passarinhos, apenas dou mais detalhes para a asa".
Assim como muita gente fez, o jeito foi Rodrigo também aderir o ambiente digital para as vendas, e para ele tem dado certo. "Aproveitei esse tempo e já produzi um monte de unidades pra voltar com tudo".
"A pandemia pode até ter nos enjaulado, mas acho que temos muito ainda a voar. Quando descobrirem a vacina, espero que possamos brevemente sair das nossas gaiolas".
Ficou interessado pelos passarinhos? O telefone de Rodrigo é o (67) 99323-1531. Encomendas também podem ser feitas no seu perfil do Instagram, com retirada em seu ateliê, que fica na rua Iguassu, 297, bairro Amambaí.
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