Professor desvenda mistério ao redor de “Ruínas da Ester”
A casa tinha um buraco que ninguém sabia porque existia ali
Na região central de Aquidauana, morava uma época uma professora chamada Ester Sanches. Na casa dela existia um buraco, cuja finalidade ninguém sabia ao certo o significado. As lendas ao redor dessa construção variavam: alguns achavam que era um esconderijo de ouro, da época em que se descobriu ouro na região. Ainda outros diziam ser resquícios da cidade colonial Santiago de Xerez, destruída em 1632. Quem foi a fundo na história, foi o professor de arqueologia, Gilson Martins.
De acordo com o professor, as lendas urbanas em torno de escavações arqueológicas no interior de Mato Grosso do Sul, sempre têm a ver com esconderijos de ouro. A informação do buraco na casa dessa falecida professora surgiu pela primeira vez na vida de Gilson na década de 90. “Até que um dia eu conheci o sobrinho da Ester. Eu já tinha sido questionado outras vezes sobre essa história, mas só então quando tive contato com a família, que fui atrás”, explica.
O real significado do vão é bem menos divertida ou mirabolante, quanto os moradores da região contam: na verdade, os indícios mais fortes são que ali era uma Loja Maçônica. “O interior de uma Loja Maçônica tem elementos basicamente iguais, só a fachada que é diferente. Foi complicado identificar de início, porque a Ester provavelmente aterrou o local para evitar piadinhas de mal gosto, então já estava tudo bem deteriorado. Mas há registros de uma Loja Maçônica, filiada à ordem Amor Fraternal, que datam 1923. Levando em conta ainda outras pessoas com quem conversei na região, tudo bate e indica que ali era uma Loja”, explica o professor.
O cômodo desce ao subterrâneo e tem escadas de acesso. Ele é revestido com uns tijolos de pedra, típicamente utilizados em construções da região. “O interior é bem semelhante à uma adega de vinhos”, detalha Gilson. A importância da maçonaria na região, conforme ressalta Gilson, tem a ver com o desenvolvimento na região. “Muito da educação, por exemplo, existe em cidades no interior do estado por incentivo da Maçonaria. Assim, essas ruínas se tornam parte do desenvolvimento da história da região”, reforça. A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) comprou o imóvel e o, agora sítio arqueológico, conta com apoio técnico do IPHAN e está aberto para visitação.