Seu Luiz, a pipoca, o teatro e uma pandemia que atrapalhou tudo
Luiz é um dos personagens mais conhecidos do meio cultural, ele vende pipoca em frente aos teatros, mas está parado
Salgada, salgada com queijo, ou doce, esses eram os sabores oferecidos por Luiz Carlos Magno de Souza, de 67 anos, em frente ao teatro Aracy Balabanian. São 37 anos de um ofício que resiste às vicissitudes do tempo: o de pipoqueiro.
Já aposentado, seu Luiz é um dos personagens mais conhecidos do meio cultural. Vende seu produto em frente aos teatros de Campo Grande, e de brinde dá sua simpatia.
“Trabalhar como vendedor de pipoca é não só um meio de ganhar dinheiro, mas me completa, estar com pessoas é ótimo”.
Acontece que, por conta da pandemia, há dois meses seu Luiz está parado. Isso porque todos os teatros e eventos culturais, que também eram locais onde ele vendia pipoca não podem mais abrir.
“Estão sendo dias muito difíceis, não só pelo isolamento, mas por não poder fazer uma das coisas que mais amo que é vender pipoca. Acordo todo dia com a sensação de que tenho que ir trabalhar, mas esse vírus aí não está deixando”.
O ator Breno Moroni conheceu seu Luiz justamente em frente ao Aracy Balabanian. “Seu Luiz é uma figura muita querida do meio artístico. E não tem a ver apenas com o fato de ele vender pipoca. É muito simpático, alegre, se estiver meio pra baixo, há muita probabilidade dele te animar”.
Nesse momento só com o dinheiro da aposentadoria e tendo que sustentar uma casa inteira, seu Luiz tem uma rede de apoio consigo.
“Minhas duas filhas moram aqui perto e não me deixam faltar anda, assim como alguns artistas de Campo Grande que me mandaram produtos”.
O pipoqueiro não só vende pipoca em frente aos teatros, é ele mesmo um artista, mas manifesta sua arte de outra forma. Tendo feito oficinas de teatro na juventude, vê na arte a possibilidade de ser o quer.
“O teatro é umas das coisas mais lindas que existem, te possibilita uma série de situações que essa vida real, sofrida, não possibilita. Vendo minha pipoca e corro para assistir as peças depois”, conta Luiz.
Sensível ao momento dos amigos artistas, seu Luiz lamenta por eles. “Eu fico triste pelos artistas também, porque está tudo parado, era uma alegria ir nas companhias de teatro”.
Em casa, sentado em uma rede, com um varal de roupas acima, seu Luiz parece não lamentar. “A pipoca entrou na moda e nunca mais saiu da moda e nem vai sair. O que temos agora é que esperar tudo isso passar”, diz esperançoso.
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