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Artes

Símbolos de luta, abayomis viram brincos e chaveiros nas mãos de Diva

Professora aposentada cria bonecas de tecido e a mãe produz sabonete artesanal de ervas

Jéssica Fernandes | 22/03/2023 08:00
Feitas de tecido, elas são transformadas em chaveiros e brincos. (Foto: Alex Machado)
Feitas de tecido, elas são transformadas em chaveiros e brincos. (Foto: Alex Machado)

O trabalho de mãe e filha são completamente opostos, mas idênticos no aspecto artesanal e dedicação que colocam em cada um. Therezinha Figueira Cardozo, de 72 anos, faz sabonetes de ervas e Diva Figueira Cardozo, de 54 anos, confecciona bonecas abayomis.

Para Diva, a produção artesanal fazia parte da rotina como professora das séries iniciais. A dinâmica na sala de aula exigia o recurso de materiais lúdicos, por isso, ela sempre criava algo novo e constantemente cortava EVA.

As abayomis entraram na vida dela há dois anos graças a tia, Cleuza Pedroza. “Ela é cofundadora do coletivo e convidou a gente pra estar participando porque sempre mexi com algum tipo de artesanato”, conta.

Diva segura as bonecas abayomis que confecciona. (Foto: Alex Machado)
Diva segura as bonecas abayomis que confecciona. (Foto: Alex Machado)

No Coletivo Mulheres Negras de MS Raimunda Luzia de Brito são fornecidas oficinas de turbantes, bonecas negras, culinária afro e das abayomi.

Feitas de pequenos retalhos de tecido, as abayomi têm forte significado representando símbolos de luta. Segundo Diva, a história dela começa nos navios negreiros que saíam do continente africano com destino ao Brasil.

Nas embarcações, as mulheres cortavam as barras dos vestidos e criavam bonecas para dar às crianças que estavam com elas. Essa história Diva sempre está disposta a contar para as pessoas que tem interesse em ouvir. “Eles acham interessante, acham bonita a história”, fala.

Sabonete artesnal de babosa, barbatimão e camomila. (Foto: Alex Machado)
Sabonete artesnal de babosa, barbatimão e camomila. (Foto: Alex Machado)

Após aprender a fazer as abayomi, a professora aposentada começou a aperfeiçoar o trabalho e evitar que as bonecas desafiassem. “Percebi que quando elas ficavam desfiadas as pessoas não se interessavam. Procurei uma forma para que o tecido não desfie e eu passo a termolina leitosa”, explica.

Os tecidos coloridos compõem as saias e vestidos das bonecas que viraram chaveiros e brincos. Em breve, Diva planeja fazer broches da abayomi. A cor, segundo ela, é indispensável. “Quanto mais colorido melhor, fica mais bonitinho”, afirma.

De barbatimão a camomila - A mãe de Diva, Theresinha, também se dedica à produção artesanal, mas com ela o negócio são os sabonetes. O trabalho começou sem pretensão nenhuma há dois anos e ela só queria resolver uma reclamação do neto.

Ela relata que recordou um ensinamento antigo para produzir o sabonete. “Eu comecei porque meus antepassados, minhas bisavós, avós faziam sabão. Depois meu neto começou a ter fissuras, tipo uma coceira e não conseguia dormir. Lembrei que antigamente fazíamos vários banhos e o povo antigo curava tudo com erva”, comenta.

O resultado não só agradou, mas fez o neto de Theresinha pedir por mais um. “Fiz o primeiro de babosa com alecrim e ele levou pra casa. Passados cinco dias ele veio e falou: ‘Vó, você tem mais do sabonete? Foi um alívio tão grande pra mim, queria ver se você tem outro”, conta.

Depois dele foi a vez da vizinha ganhar um sabonete e Theresinha não parou mais. Para começar a produção, ela recorreu a cursos e muitas pesquisas. “Os vizinhos começaram a pedir e a partir da pesquisa fiz um curso on-line e comecei a produzir. Tá tendo uma boa aceitação”, destaca.

Em cada embalagem, ela insere as especificidades do produto e destaca os benefícios da erva em questão. Além disso, Therezinha também coloca o telefone e pede que qualquer pessoa entre em contato. “Eu digo: 'Se fez bem vocês falam e se deu alguma coisa quero saber'”, conta.

Devido à saúde, Therezinha produz em pouca escala os sabonetes de babosa com alecrim, barbatimão, camomila, manjericão e babosa.

O telefone de contato da Diva é (67) 99918-4681 e o da Therezinha (67) 99235-4440.

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