Tia Eva e Conceição dos Bugres são homenageadas em pinturas gigantes
Artistas Dicersarlove e Diego Mouro estão fazendo as pinturas ao vivo como parte do Campão Cultural
Integrando a programação artística do Festival Campão Cultural, dois edifícios estão sendo transformados aos poucos em quadros de pinturas gigantescas. Pelas mãos de Dicesarlove e Diego Mouro, as homenageadas Conceição dos Bugres e Tia Eva vão tomando cada espaço das paredes na Rua 26 de Agosto e na 14 de Julho.
Escolhida para abrigar as cores com Tia Eva, a lateral da Galeria São José ficou sob responsabilidade do muralista paulista Diego Mouro. Construído em 1964, o Edifício Irmãos Salomão reúne moradores e serviços, até por isso se tornou conhecido como galeria e hoje está passando pela transformação.
Acostumado a trabalhar com pinturas de grande escala, Diego conta que seu processo de produção é feito como um ritual de conexão entre o passado e o presente. Por isso, recriar Tia Eva, assim como o edifício, é um ato para construir novas narrativas.
Considerada uma das fundadoras de Campo Grande, quando ainda eram os Campos de Vacaria, Tia Eva deixou Goiás após conseguir sua carta de alforria. Em 1905, sonhando dar educação para suas filhas, ela veio para Mato Grosso do Sul criar um lar melhor.
Eva Maria de Jesus foi benzedeira, lavadeira, parteira, cozinheira e curandeira, deixando um legado para mais de 60 famílias na comunidade quilombola que leva seu nome até hoje.
Já na Rua 26 de Agosto, esquina com a Rui Barbosa, é a escultora Conceição dos Bugres que vai renascendo entre as cores. Ali, o projeto é do artista Dicesarlove que está usando imagem cedida pelo fotógrafo Roberto Higa.
Em cerca de 25x10 metros, a foto de Conceição é acompanhada por desenhos dos Bugrinhos e muita cor. Brasileiro, o Dicesarlove começou sua carreira em 1986 com pichações em São Paulo e, desde então, integrou equipe de artistas do Studio Kobra, pintou mural com obras de Leonardo da Vinci e participou pintando o Cristo Redentor em Miami.
Símbolo da iconografia popular sul-mato-grossense, Conceição morreu aos 70 anos e ganhou repercussão esculpindo os “bugres”. Ainda viva, ela contava que acordou depois de um sonho e fez sua primeira escultura em uma mandioca.
Depois da mandioca, a escultura tomou madeiras com cera de abelhas como acabamento.
Voltando aos murais, a expectativa é que ambos sejam finalizados até sábado, durante o último dia do festival.
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