Agora a casa é própria, mas para construir, só usando recicláveis
Mãe e filha esperaram por seis anos garantia de que o terreno na favela Só Por Deus seria delas
Há seis anos, Ana Karla e Neusa dos Santos Guerrise se mudaram para a então pequena favela Só Por Deus, na região do Bairro Jardim Centro Oeste. Neste ano, depois de muita espera e oração, mãe e filha receberam a regularização do terreno na comunidade, por isso, começaram a construir a casa própria em novo terreno com materiais recicláveis encontrados durante o trabalho de coleta.
“Eu cheguei a falar para minha mãe que eu não ia conseguir minha casa, mas ela disse que a gente precisava ter fé e que ela iria me ajudar. Foi isso que aconteceu, ela me ajudou”. Aos 39 anos, Ana Karla recebeu documento municipal garantindo que um dos novos terrenos da Só por Deus seria dela.
Mesmo com os documentos iniciais tendo apenas seu nome, Karla garante que o pedaço de terra também é de sua mãe. Catadoras de recicláveis, as duas começaram a morar na Só por Deus quando poucas famílias se mudaram para o espaço, que costumava ser um campo de futebol.
Nesse tempo, além do receio de não conseguirem a regularização do espaço, viram telhas voarem com chuva e o chão virar água devido ao terreno ser desnivelado. Já com o espaço da favela mapeado pela administração municipal, as duas foram remanejadas para outro terreno da comunidade.
Agora, com a certeza de que não irão ter o barraco derrubado, levantaram as paredes com segurança. As duas contam que ainda sem receber a verba para construir a casa com tijolos no novo espaço, o jeito tem sido montar a casa própria com materiais recicláveis e não há quem reclame.
Telhas de zinco, tapumes, pedaços de madeira e sacos de lixo foram unidos para se transformar em paredes e teto. Uma janela foi adequada ao espaço para permitir que a luz entrasse e, como peças encaixadas, cada parte foi implementada na primeira casa em que ambas não se identificam como irregulares.
Você sabe que o espaço é seu, mas ainda faltava algum documento para ter certeza e ninguém duvidar", Ana Karla conta.
Com a possibilidade de pensar em um futuro mais garantido, até mudas para plantar feijão, pés de abacate e manga estão sendo reservadas por Neusa. “A gente ainda está vendo como vamos fazer tudo, mas eu quero tudo plantado aqui, vai ser bonito.”
Neusa explica que há muitos anos trabalha como catadora com a filha e que tudo foi um sacrifício, mas que vem compensando.“Foi mesmo coisa nossa, sem ajuda de ninguém. Antes, a gente morava em outro espaço, mas mudaram a gente para deixar certo em qual local é a nossa casa. É uma alegria”, comenta.
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