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Comportamento

Amigurumi é experiência para quem sonha recomeçar fora do presídio

Oficinas de amigurumi foram realizadas para os internos do Presídio de Segurança Máxima de Naviraí

Por Thailla Torres | 25/09/2023 10:40
Um dos alunos do presídio, um homem de 25 anos, já fazia artesanato, mas teve a oportunidade de se especializar no curso
Um dos alunos do presídio, um homem de 25 anos, já fazia artesanato, mas teve a oportunidade de se especializar no curso

Homens do Presídio de Segurança Máxima de Naviraí receberam na última semana, de 18 a 22 setembro, oficinas de amigurumi através da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, por meio de sua Gerência de Desenvolvimento de Atividades Artesanais. Para maioria, o artesanato é uma aprendizagem que pode ser a porta de entrada para uma nova vida ao final da pena.

"Muitos estão fora do mercado de trabalho há muito tempo", destaca Valdirene de Góis Domingos, chefe da Educação no presídio, que viu na oficina uma chance de os internos aprenderem um novo ofício para quando saírem do presídio.

Um dos alunos do presídio, um homem de 25 anos, já fazia artesanato, mas teve a oportunidade de se especializar no curso: “Eu encapava boné, chapéu para criança, chaveirinho, peças mais simples, agora tenho a expectativa de ter experiência para vende lá fora, no comércio, quando eu sair daqui. Além de ser uma terapia, acalma a gente, eu gosto de fazer, estou gostando muito do curso”.

Outro, de 42 anos, está preso há 9 anos e afirma que aprendeu crochê na cadeia, mas escolheu se aperfeiçoar. “Para mim, como já faz tempo que estou aqui, quase nove anos, eu aprendi muito a fazer crochê na cadeia, mas aqui com a professora é a perfeição, é uma terapia, uma coisa muito boa, esses movimentos que a gente precisa para exercer o cérebro. Eu penso no futuro, para exercer lá fora e até ter uma produção. Ajuda na remição da pena, mas meu foco é o aprendizado, sempre aprender uma coisa diferente”.

Dos 30 anos de vida, oito são fazendo crochê dentro da prisão, afirma outro interno. Hoje, o artesanato virou até renda para a família. “Faço crochê há oito anos, aprendi dentro da prisão. Eu já faço para vender, minha irmã tem uma página no Facebook que ela vende para mim. Bichinho eu aprendi a fazer agora, antes eu só fazia tapete. Com esse dinheiro eu pago advogado, ajudo minha família”, destaca.

Segundo os presos, o artesanato é uma aprendizagem que pode ser a porta de entrada para uma nova vida ao final da pena.
Segundo os presos, o artesanato é uma aprendizagem que pode ser a porta de entrada para uma nova vida ao final da pena.

Rejane Benetti Gomes, Gestora de Atividades Culturais, da gerência de Artesanato da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, explica que a Fundação leva essas oficinas de artesanato para os municípios de MS, “para além de despertar a criatividade das pessoas e o talento para as artes, também o desenvolvimento econômico dos municípios segue no importante viés da geração de renda, sendo o artesanato sua atividade principal ou secundária, entrando no mercado de trabalho, focando principalmente na matéria-prima local e também criando  peças com as referências culturais de cada região”.

Para Jonas dos Santos Ferreira, diretor do presídio, o curso é de extrema importância: “Faz parte do processo de ressocialização dos presos para eles terem condições de convívio em sociedade. O curso facilita para que eles possam se sustentar lá fora, quando saírem".

Para fazer o curso, os presos passam por uma classificação que envolve segurança, disciplina e perfil, só os que têm condições de participar dos projetos é que fazem os cursos. "Eles são bem dedicados. É isso que nos movimenta aqui. São muito proativos, grande parte deles já produz artesanato, isso vai agregar para eles futuramente na geração de renda. Nós vamos adquirir material para que eles possam refinar essa técnica e vamos buscar parcerias para efetuar vendas desses materiais”, acrescentou Jonal.

Além dos presos, artesãs do município também receberam a oficina na semana passada.

A ministrante do curso tanto no presídio quanto na Fundação de Cultura de Naviraí, Alexandra Ferreira Sampaio, disse que se surpreendeu com a dedicação dos alunos: “Principalmente lá no presídio. Apesar de eu já ter uma ideia de que os presos sabem fazer crochê, mas eles tiveram muita facilidade, uma criatividade incrível que eles têm", destacou.

O município que tiver interesse em ter este serviço de oficinas de artesanato, basta entrar em contato com a Gerência de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da Fundação de Cultura pelos telefones (67) 3316-9107 / 3316-9152 ou pelo e-mail artesanato.fcms@gmail.com

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