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Comportamento

Amor por animais fez Marco se formar em Veterinária aos 58 anos

O ex-adestrador de cães precisou concluir Ensino Médio para se tornar médico

Por Natália Olliver | 04/11/2023 07:51
Marco César Alcântara com alguns gatos da clínica onde trabalha. (Foto: Alex Machado)
Marco César Alcântara com alguns gatos da clínica onde trabalha. (Foto: Alex Machado)

“Nasci pra ser veterinário, só não sabia disso. Também não me achava capaz de ir para faculdade, passar por todo aquele ritual. Eu estava errado”. Marco César Alcântara nunca pensou em ser o que é hoje. Aos 58 anos, o homem esbanja simpatia e conta que o amor pelos animais sempre esteve presente na rotina desde a infância.

Com 10 anos, Marco pediu aos pais um galo e uma galinha. Queria criar aves no quintal. Pedido diferente para um garoto dessa idade. Após ganhar os animais, ele passou a desejar outros e comprar ovos para que a galinha chocasse. “A única que não tive foi a ema, o ovo era muito grande”, brinca.

Ainda mais novo e influenciado pelo filme do Tarzan, menino criado por macacos na floresta, ele achava que gatos eram onças. O garoto assistia ao longa metragem na televisão do vizinho todas as tardes.

Lago no quintal da clínica tem mais de 20 peixes. (Foto Natália Olliver)
Lago no quintal da clínica tem mais de 20 peixes. (Foto Natália Olliver)

Os anos passaram e Marco se tornou adestrador de cães, o negócio ia bem até que a idade começou a ser fator determinante para a manutenção do serviço. “Você vai ficando velho, perdendo as forças. Minha esposa disse que eu teria que ser veterinário para continuar no ramo. Eu sou o veterinário mais feliz do mundo e nunca almejei ser veterinário porque não achava possível”.

O médico de animais se formou em 2020 pela Uniderp, através do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). Para ingressar no curso, Marco teve que primeiro concluir o Ensino Médio. “Quando fui buscar os documentos na escola, descobri que não tinha concluído o terceiro ano. Tive que fazer aos 48 anos, terminei em uma escola pública e fui pra faculdade. Para mim ela foi um passeio porque já sabia muita coisa. Aproveitei uma chance muito boa”.

Hoje, ele tem uma clínica médica e espaço para hospedagem de cães. Falando disso, no quintal rústico de seis teremos, ele abriga 17 gatos, 30 cachorros, 300 peixes e uma tartaruga.

No passado, veterinário era adestrador de cachorros. (Foto: Alex Machado)
No passado, veterinário era adestrador de cachorros. (Foto: Alex Machado)

A ideia era que o lugar fosse parecido com uma fazenda. Sonho de Marco que virou realidade aos poucos.

Com uma árvore gigante no meio do quintal, móveis de madeira e muito verde, o veterinário se sente realizado e feliz, ao lado da esposa, pessoa que ele atribui grande parte do sucesso e com quem partilha do lugar que mora há 35 anos.

“Minha esposa me ajudou, deveria se chamar Santa Ana Cláudia. Ela me ajudava a digitar os trabalhos, formatar. Ao invés de me tornar um cara frustrado da vida porque não ia morar na fazenda, fiz isso. Eu e minha esposa fizemos uma na cidade. Fizemos um tanque para os peixes, mas ficou pequeno e tivemos que fazer outro. Demorou 2 anos para ficar pronto, fui cavando devagar até que um dia tive que terminar.”

Atendimentos - Na vizinhança há anos, Marco ganhou popularidade no bairro e ressalta que o diferencial do trabalho é a maneira como atende cada cliente. Para ele, o tutor do animal ainda é prioridade. “Atendo com eu gostaria de ser atendido, então ficou fácil. Eu não coloco animal acima do dono. Quando o animal chega doente, eu me preocupo se aquele dinheiro do cliente não vai fazer falta pra ele. Porque o bairro é de classe média baixa”.

De acordo com o médico veterinário, grande parte dos animais já chegam à clínica em estado crítico. Ele explica que alguns problemas poderiam ser evitados se o tutor tivesse conhecimento. “Me acontece muito da pessoa querer dar tudo o que ela tem e muitas vezes não consegue resolver o problema. A maior parte chega com coisas graves, no fim da vida”.

Ligação emocional - Sobre histórias que marcaram, ele conta que a de uma adolescente que precisou de amparo médico para o cachorro que tinha sido atropelado ficou na memória.

No dia, ele estava jantando em casa quando o interfone tocou. Ultrassons foram feitos e constatado que o cachorro não tinha lesões internas. Nesse dia, Marco viu claramente a ligação emocional entre dono e animal.

“Ela me pediu ajuda e eu vi desespero nela tremendo. Ela não parava de chorar e sentou no chão, sem forças de sentar na cadeira. Depois, descobri que o pai dela morreu recentemente, em uma acidente de moto, e o cachorro foi um presente dele. Então, o cachorro significa o pai pra ela.”

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