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Comportamento

Aos 10 anos, sonho de Felipe é bairro sem tiroteio, drogas e violência

Redação foi escrita como tarefa de casa, e ainda não foi entregue à professora, mas já emocionou família de Felipe

Alana Portela | 24/04/2020 09:02
Todo sorridente, Felipe mostra que está lendo seu livro da escola. (Foto: Arquivo pessoal)
Todo sorridente, Felipe mostra que está lendo seu livro da escola. (Foto: Arquivo pessoal)

Aos 10 anos, Felipe resolveu abrir o coração na redação da disciplina de História e falar que sonha em viver num bairro melhor. Ele mora com a família na Vila Nhá-Nhá, local "famoso" em Campo Grande pelo índice de violência. Com lápis, o pequeno pediu um lugar mais pacífico sem criminalidade.

“Tinha que escrever ou desenhar sobre o que mudaria em meu bairro, aí resolvi escrever”, explica. Felipe é um menino sonhador e aventureiro, adora aproveitar o local onde vive para se divertir. “Gosto de brincar na rua de casa, que é pequena, de jogar futebol e soltar pipa em frente de casa mesmo”, conta.

Quando crescer, quer ser jogador de futebol ou engenheiro. No entanto, é tímido então não conseguiu conversar muito com o Lado B. Por isso é a irmã mais velha, Thaíssa Lima quem participa do bate-papo com a reportagem. Ela tem 24 anos e é estudante de Enfermagem.

Thaíssa relata que o irmão está na 6ª série do ensino fundamental e é muito estudioso. “Ele é um menino simpático, educado, adora conversar e contar histórias. É muito apegado à família, uma pessoa sensível e empático com os outros. Conversamos sobre tudo”, diz.

Ela conta que a família mora no bairro há 32 anos. “Eu e ele crescemos aqui e sempre foi assim. Existem muitas histórias boas, mas sempre foi desta forma [violenta]”. Vira e mexe, acontece algo que faz o bairro parar nas páginas policiais dos jornais. “Assalto aqui não tem. É tiroteio, briga, gente sendo esfaqueada”, comenta.

Por ali, sua infância foi boa, mas também rodeada pela criminalidade. “Eu brincava muito na rua e via bastante usuário de drogas e violência”, lembra. Além disso, tem moradores de rua que perambulam a região em busca de comida, famílias sem condições financeiras para sustentar a casa. “Mas, existem pessoas boas, trabalhadoras e vizinhos amigos também”, afirma.

Da mesma forma que a irmã mais velha entende o que está acontecendo no bairro onde vive, Felipe também sabe que não é legal. “Ele olha e sempre comenta que fica triste por ver as pessoas nessa situação e pelas crianças não terem onde brincar”, revela Thaíssa.

A redação fazia parte do dever de casa que Felipe fez hoje. O exercício encaminhado pela professora era produzir um texto, entre 10 a 15 linhas, ou desenho sobre as principais mudanças que o aluno deseja para a região onde mora.

Ao ler a atividade, ele não pensou duas vezes. Sentou-se na cadeira e com um lápis na mão passou a escrever que deseja um bairro melhor.

“O bairro que eu quero é um bairro que tenha menos drogas, tiroteios e crianças nas ruas, pessoas mendigando, usuários de drogas, roubos e violência.

Seria um sonho se tivesse uma praça para soltar pipa, posto policial e uma paisagem bonita. Se todas as crianças não passassem fome, todos os pais tivessem emprego e conseguissem comprar roupa e comida para os seus filhos, que suas casas tivessem uma boa condição de moradia. Gostaria também que a escola fosse mais perto da minha casa. Tudo isso seria muito bom”.

Quando Thaíssa e sua mãe, Adriana, leram a redação ficaram emocionadas, por saberem do sonho, que deveria ser simples de realizar, estar longe de se tornar realidade. “Não imaginávamos que ele pensava assim, que via os perigos e sonhava com tudo aquilo”, relata a irmã.

“Quer ter uma praça, um posto policial. Tem até uns terrenos que ele fala que queria que fossem praças”, diz Thaíssa. A tarefa ainda vai ser corrigida pela professora, mas já promete emocionar muito.

Apesar de novo, Felipe sabe que existe a violência, porém como um bom sonhador, não perde a esperança de que seu desejo se realize. Tomara!

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Na redação, o sonho de ter um bairro melhor é revelado. (Foto: Arquivo pessoal)
Na redação, o sonho de ter um bairro melhor é revelado. (Foto: Arquivo pessoal)


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