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Comportamento

Aos 86 anos, Lucila continua lutando para diminuir fome de crianças

Idosa conta que começou trabalho voluntário na década de 1990, mas precisou continuar até hoje

Aletheya Alves | 08/02/2023 06:57

“Começamos nos anos de 1990 e até hoje estamos aqui cozinhando para crianças, muita criança ainda passa fome”, resume Lucila Juca Guinche, de 86 anos. Tendo crescido na Aldeia Jaguapiru, a indígena conta que em conjunto da família segue lutando para diminuir a fome na comunidade.

Artesã da etnia guarani-kaiowá, Lucila atende cerca de 150 crianças atualmente e explica que durante as três décadas de trabalho até pensou que poderia parar. “Mas quando a gente para de cozinhar, a criança vem pedir de novo”, diz.

No início do trabalho, a crise era maior, conforme explica a artesã, mas o cenário continua se agravando todos os dias. Contando sobre qual era a situação há três décadas, ela relata que não viu outra opção que não fosse fazer algo.

“Aqui vi criança desnutrida, nos anos 90 morreram muitas. Conversei com meu marido para me ajudar a comprar massa de macarrão e feijão para a gente cozinhar para as crianças”, explica a anciã.

Filas se formam quando chega o dia de Lucila distribuir as marmitas. (Foto: Arquivo pessoal)
Filas se formam quando chega o dia de Lucila distribuir as marmitas. (Foto: Arquivo pessoal)

Desde então, ela passou a liderar o movimento na família e utilizar os aprendizados deixados pela avó para conseguir renda. “Quando eu tinha sete anos minha mãe morreu e minha avó é que me ensinou a fazer artesanato. Comecei a fazer para poder comprar comida para as crianças”.

Contando com a ajuda do marido e dos filhos, a artesã faz a produção duas vezes na semana e uma longa fila é criada na porta de sua casa. “A gente cozinha para criança, idoso, vizinho”.

Já tendo recebido apoio da Fundação Nacional de Saúde, Lucila explica que no ano passado um novo projeto entrou em contato. Apoiada pela organização Gastromotiva, a cozinha de Lucila se tornou um polo solidário e recebe ajuda com insumos, apoio logístico e treinamento para criar cardápios saudáveis, conforme informado pelo site da ação.

Ao lado da mãe, Ronaldo Fernandes, de 24 anos, explica que desde pequeno vê a necessidade de continuar os trabalhos. Por isso, ele e as irmãs decidiram se envolver na ação voluntária.

Seja fazendo levantamento de preços na cidade ou procurando lenha para cozinhar, ele garante que cada um tenta ajudar do jeito que pode.

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