Após 2 anos “trancados”, idosos se emocionam em passeio de Carnaval

No dia 25 de fevereiro de 2020, dezessete idosos fizeram seu último passeio antes de cumprirem um isolamento total com a chegada da pandemia de covid-19. Nesta sexta-feira (25), exatamente dois anos depois, o grupo teve seu primeiro contato com o mundo externo  em uma "saidinha" de Carnaval pelas ruas de Campo Grande.

Eram três horas da manhã e Adilson de Oliveira, de 67 anos, já estava em pé perguntando se podia tomar banho para se arrumar. Depois de muita conversa e convencimento, ele voltou a dormir, mas pulou cedo da cama e voltou a perguntar sobre o passeio do dia.

Adilson é um dos moradores do Angeluz Hotel Residência para Idosos e, assim como os outros do grupo, colocou os pés na calçada da rua pela última vez para participar do passeio de Carnaval 2020. Agora, com todos os funcionários e idosos vacinados com a 4ª dose da vacina contra covid-19, a equipe resolveu dar os primeiros passos rumo ao cenário pós-pandemia.

Proprietário do residencial, Sidney Peralta, de 35 anos, conta que devido às medidas rígidas tomadas pela administração, nenhum idoso ou funcionário foi contaminado pela covid-19. “Foram dois anos com os idosos ficando longe da cidade, longe da família. Por isso, não tivemos nenhum caso de covid, mas também fechamos as portas muito antes da pandemia explodir”, argumenta.

Com chapéu e colar havaiano de flores, Adilson ficou andando de um lado para o outro até o triciclo usado no passeio chegar. Antes disso, ele fez questão de repetir que depois de tanto tempo fechado na clínica, seu desejo era só voltar para o hotel quando o dia acabasse, “eu vou até dançar em cima do carro”, brincou.

Em fila e com ajuda dos funcionários, cada um dos idosos foi direcionado ao triciclo, que ligou as caixas de som ecoando marchinhas. Sentados, eles saíram do Taveirópolis e seguiram pela Avenida Afonso Pena aproveitando a vista.

Enfermeira responsável técnica, Laurigia Dantas, de 35 anos, explica que esse passeio foi planejado como a primeira etapa de uma nova vida para os idosos. “Já percebemos que eles estão mais falantes, esses dois anos foram difíceis para nós e para eles mais ainda. Todos estão com excelente saúde e o segredo foi estarem vacinados, hoje, acreditamos que vamos conseguir fazer as coisas com segurança”.

Durante o período de isolamento, os idosos mantiveram contato com a família apenas através de chamadas de vídeo e olhares distantes separados pelo portão do residencial. Planejando os próximos passos, Laurigia detalha que os familiares deverão voltar a ter contato na área externa do hotel e, aos poucos, novos cenários devem ser construídos.

Nora de uma das idosas hospedadas no residencial, Ana Cristina Moura Heleno, de 54 anos, diz que ver essa primeira “saída” dos idosos significa voltar a ter esperança de uma vida em conjunto. “Foi difícil, porque nós sempre estávamos aqui semanalmente e precisamos parar, ficando só com as chamadas de vídeo. Acredito que mais do que para nós, é uma felicidade para eles que precisaram ficar totalmente isolados”, diz.

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