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Comportamento

Barbeiro de autoridades, João arrumou até governador para casar

Relação de amizade com Azambuja fez profissional participar de diversos momentos da vida do político

Liniker Ribeiro | 16/06/2020 06:55
João cortando o cabelo do governador Reinaldo Azambuja, na tarde dessa segnda-feira. (Foto: Kísie Ainõa)
João cortando o cabelo do governador Reinaldo Azambuja, na tarde dessa segnda-feira. (Foto: Kísie Ainõa)

São 53 anos dedicados a uma das profissões mais antigas da história humana, 48 deles aqui em Campo Grande. 'Seo João', de "50 + 22 anos", como faz questão de descrever sua idade, é cabeleireiro antigo, conhecido por muita gente e, principalmente, políticos, autoridades e demais personalidades sul-mato-grossenses.

Entre os clientes mais famosos, Pedro Pedrossian, Italívio Coelho e o atual governador do Estado, Reinaldo Azambuja, com quem hoje mantém uma relação de mais de 30 anos de amizade.

Resultado de uma carreira profissional que começou "do nada", como ele mesmo classifica, mas que logo virou profissão e sua grande paixão. "Comecei em 1967, em Imperatriz, no Maranhão. Morava na cidade, mas trabalhava no campo e não gostava muito.  Então comecei a cortar cabelo", relembra João Batista de Souza.

João é conhecido entre clientes por seu jeito brincalhão, sem deixar de ser profissional (Foto: Kísie Ainoã)
João é conhecido entre clientes por seu jeito brincalhão, sem deixar de ser profissional (Foto: Kísie Ainoã)

Depois de deixar a cidade onde começou a carreira e passar pelos Estados de Goiás e São Paulo, o já profissional veio parar em Campo Grande, chegando à cidade no dia 7 de dezembro de 1971. Um dia depois, contratado por uma antiga barbearia da cidade, localizada à época na Rua Barão do Rio Branco, quase esquina com a Rua 13 de Maio, João deu início a uma carreira que mais tarde lhe daria oportunidade de se relacionar com grandes personalidades.

Inclusive, foi no salão que ele conheceu Roberto de Oliveira Silva, pai de Reinaldo Azambuja. Entre uma ida e outra, o filho, que hoje é líder do executivo estadual em MS, acabou acompanhando o genitor e, desde então, o cabeleireiro passou a fazer parte de momentos importantes na vida do político.

"Meu pai era cliente do Moreira [onde João começou trabalhando na Capital] e eu acabei cortando com o João. De lá para cá, é ele quem corta meu cabelo, inclusive foi com ele que eu cortei no dia do meu casamento e também nas duas posses do meu governo, tanto na 1ª eleição, como na segunda", afirma Azambuja. "Irmão também corta com ele, de vez em quando filho, mas o mais assíduo sou eu", completa.

A fidelidade entre cliente e cabeleireiro é tão grande, que em todas às vezes que João precisou trocar de endereço de trabalho, o amigo estava lá. Atualmente, o profissional atende em seu 5º endereço, no Studio Amanda Souza Esthetic e Makeup, na Rua Brasil. Mas antes, também passou pelas ruas Rui Barbosa, Fernando Corrêa da Costa e Euclides da Cunha.

"Você adquire confiança e passa a ter amizade. Ainda mais com ele, que sempre me atendeu assim, de forma simples e sempre brincalhão", ressalta Reinaldo.

"Até quando eu quis deixar o bigode foi com ele que cortei. Meus amigos, na época de escola, chegaram a me apelidar de bigode, mas uma vez eu acompanhei meu pai e ele pediu para tirar e nunca mais usei", relembra o governador, dando risada.

E na hora do corte, nada de falar sobre política. "A gente procura falar de outras coisas, quem vem aqui quer relaxar, então sempre surge outro assunto, agricultura, pesca, qualquer outra coisa", garante João.

Cabeleireiro é sincero e também já mandou Azambuja tirar o bigode que deixou crescer quando menino. (Foto: Kísie Ainõa)
Cabeleireiro é sincero e também já mandou Azambuja tirar o bigode que deixou crescer quando menino. (Foto: Kísie Ainõa)

Arquivo humano - Histórias para contar o cabeleireiro tem de monte. Mas João garante que ainda mais importante é o conhecimento que adquiriu ao longo de anos atendendo profissionais das mais variadas funções. "Atendo médicos, dentistas, advogados, empresários e assim por diante. Passei a aprender mais sobre cada profissão e a estudar ainda mais. Porque até para conversar com alguém é preciso saber o que está falando", destaca o cabeleireiro.

Com conhecimento invejável e habilidades com números, basta alguns minutos de conversa com o profissional para ter uma verdadeira lição de vida. "As pessoas, principalmente os jovens, precisam se interessar mais em aprender, hoje em dia são muito preguiçosos. É importante querer saber mais e aqui sou o aluno e meus clientes os professores", destaca.

Orgulhoso de sua carreira e da oportunidade que teve de participar do processo de regulamentação da profissão, no início dos anos 2000, o cabeleireiro garante: não deve parar tão cedo de atuar. E olha que João teve oportunidade de mudar de área, mas preferiu seguir no ramo. "Me formei em edificação, mas o único projeto que eu fiz foi o da minha casa. Primeiro e único", revela ao citar imóvel construído no ano de 1984, na região do Bairro Coophasul. Sobre o futuro, se depender de João, será de muito trabalho.

 "Aprendi que a pior coisa do homem é amanhecer o dia e não ter o que fazer. E se comer, coma do seu suor, então vou continuar trabalhando", finaliza o cabeleireiro.

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