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Comportamento

Barraca é "lar" de 6 pessoas que sonham conquistar o que perderam

Há 5 anos, Elionor continua tentando uma vida melhor desde que deixou a Venezuela

Aletheya Alves | 05/11/2022 07:45
Sem muita escolha, cabana precisou ser transformada em lar temporário. (Foto: Aletheya Alves)
Sem muita escolha, cabana precisou ser transformada em lar temporário. (Foto: Aletheya Alves)

Há 10 anos, Elionor Rodriguez não imaginava que um dia precisaria sair de seu país e viver em uma barraca por não ter casa. Em solo brasileiro desde 2017, a venezuelana chegou a Campo Grande em outubro deste ano e agora continua tentando conquistar o que perdeu.

Ao lado do marido e quatro filhos, a imigrante tem vivido em uma barraca na Avenida Fábio Zahran. Sem aceitar ir para um abrigo por não querer separar a família, Elionor detalha que a ajuda necessária é para conseguir um emprego, alimento e soro fisiológico para o filho mais novo.

Explicando sobre como a última década fez com que ela chegasse a Mato Grosso do Sul, a mãe narra que antes da Venezuela realmente “desabar”, sua vida era ideal. “Minha mãe tinha vários negócios”, diz comentando que seu futuro tinha tudo para ser tranquilo.

Em espaço é possível guardar apenas alguns mantimentos e cobertores. (Foto: Aletheya Alves)
Em espaço é possível guardar apenas alguns mantimentos e cobertores. (Foto: Aletheya Alves)

Ainda sem saber falar português, Elionor conta que entende praticamente tudo o que os brasileiros falam, mas até hoje sonha em voltar para seu país em um cenário melhor. Até setembro, ela morou em Rondônia, mas com o aumento de imigrantes na região e diminuição de empregos achou melhor procurar outro local.

Contando que deixou o norte do Brasil com caronas, a venezuelana explica que a ideia inicial era seguir para a Bolívia. “Lá eles também falam espanhol, mas contaram que está quase tão ruim quanto a Venezuela”, diz.

No meio do caminho, ela e o marido decidiram continuar no Brasil e escolheram Campo Grande para recomeçar mais uma vez. Sem dinheiro para alugar uma casa, montaram a barraca na calçada da Fábio Zahran e organizaram o que podiam.

Elionor narra que ela, o marido e os filhos se ajeitam para caber na barraca e dividem o espaço com a comida e roupa que ganharam e trouxeram das viagens. Enquanto alguns cobertores são transformados em colchão, a lateral da “casa” se tornou armário para os alimentos.

Por tudo ainda ser muito provisório, nem mesmo brinquedos as crianças conseguiram manter. Com 1, 4, 10 e 11 anos, todos se dividem entre ficar com a mãe o pai conforme serviços aparecem.

Mesmo tendo medo até de dormir, Elionor detalha que hoje a barraca é a melhor solução. Com o desejo de voltar a conquistar tudo o que perdeu, ela completa que agora precisa mesmo é definir por onde começar.

Para ajudar a família com emprego ou doações é necessário ir até a Avenida Fábio Zahran próximo ao Assaí Atacadista.

Sem brinquedos, até pedaços de plástico são usados para "diversão". (Foto: Aletheya Alves)
Sem brinquedos, até pedaços de plástico são usados para "diversão". (Foto: Aletheya Alves)

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