Casamento perdeu pódio e fieis pedem imunidade a Santo Antônio
Com avanço do coronavírus, fieis também reforçaram pedido de saúde e fim da pandemia
Na semana em que Campo Grande recebeu recorde de casos confirmados do novo coronavírus, a dúvida logo nas primeiras horas de fila para o esperado bolo de Santo Antônio, neste feriado, dia do padroeiro, era se os fieis estão pedindo algo diferente do casamento. Bingo! A união parece tem perdido o pódio neste ano.
Até quem não dispensa a possibilidade de um casamento, resolveu pedir duas graças de uma vez só. “Quero casamento e saúde para que chegue ao fim a pandemia”, diz o fiel Wilson Sanchini, de 57 anos, que saiu do bairro Tarumã de bicicleta só para buscar o bolo. “Eu frequento a paróquia toda semana e não poderia deixar de vir buscar, agora vamos ver se eu também deixo de ficar solteiro. Mas como ninguém sabe como vai ser o futuro, peço ainda mais saúde”, completa.
Lucimar Marciliano, de 56 anos, diz ficar arrepiada só de lembrar-se dos pedidos que tem escutado nos últimos meses. “Na festa da nossa paróquia, até criança foi até lá pedindo por imunidade e o fim da pandemia”, conta.
Frequentadora na Paróquia Santa Rita no Bairro Universitário, todos os anos ela se dedica à festa de Santo Antônio ao lado de outros amigos fieis. Hoje, sem dúvidas, ela diz que o casamento ficou em segundo plano. “Não pode nem ter casamento direito esse ano, então a gente tem que pedir saúde mesmo”, ri. Ela que atua na área da confeitaria diz que sentiu o peso da crise causada pelo avanço da doença. “Só neste mês eu tinha três casamentos para atender e vimos tudo ser adiado”, lamenta.
Ana Paula Navarro, uma das coordenadoras na produção do bolo ficou emocionada ao ver as fichas acabarem facilmente durante a manhã deste sábado e pede, também, para que Santo Antônio interceda pela saúde, não só dos campo-grandenses, mas do mundo inteiro. “A gente quer saúde para todos, né. E as graças de Santo Antônio podem ser alcançadas em qualquer lugar desse mundo. Pra gente é uma alegria realizar esse evento, mesmo de maneira diferente, e ver que as pessoas estão pedindo para que tudo isso melhore. E eu tenho fé que no ano que vem estaremos com a grande festa novamente”.
Ao comprar 10 bolos de pote, esse ano o estudante Rafael Hiane, 30 anos, teve a sorte de encontrar a aliança, mas fugiu do pedido por casamento. “Eu pedi muita saúde minha família diante disso tudo” comentou.
Tem gente que não acredita muito que o casamento perca seu lugar de estrela, é o caso da dona Sebastiana Dia, de 64 anos, que mora quase ao lado da igreja. Ela pulou cedo para buscar o bolo e diz que não vai deixar o pedido de casamento de lado. “Ficar sozinho não é muito bom não, acho que o pessoal vai continuar pedindo casamento”, ri.
Na avaliação do pároco Wagner de Souza, “as pessoas estão sedentas por graça”, por isso, o casamento esse ano, fica em segundo plano em meio à emergência mundial em Saúde. “Quem seremos nós depois disso tudo? Ainda ninguém sabe. Hoje, o casamento é o menor dos milagres, mas a gente ficar feliz em ver que a fé do povo não se abala”, comentou.