Com blog, Gabriel tenta ajudar homens a pensarem com a cabeça de cima
Campo-grandense fala sobre vários temas ligados ao universo masculino
Quantas cabeças um homem tem? Parece uma resposta fácil, mas não é. Num mundo historicamente dominado pela vontade masculina, existe um senso comum de que o homem não pensa racionalmente e tende a agir levado por impulsos sexuais, ou seja, não é cerebral, não pensa com a cabeça de cima e sim com a “cabeça de baixo”, nomenclatura usada para se referir à glande, parte superior do órgão sexual masculino.
Discussão cada vez mais frequente nos últimos anos, o papel do homem na sociedade atual é um espinhoso tema que aflora ânimos de todos os gêneros. Pensando em como desarmar essa armadinha, o jornalista Gabriel Neves, de 21 anos, decidiu criar um blog masculino, o Cabeça de Cima.
“Antes mesmo de me formar pensava em criar um blog sobre algum tema de meu interesse. Demorei um pouco pra decidir, até que no fim do ano passado resolvi que iria falar sobre o universo masculino”, explica Gabriel.
O blog fala sobre o universo do homem em diversos aspectos, porém tenta não ultrapassar a tênue linha que separa o exercício da masculinidade da prática machista. É o que fica bem claro na descrição de seu blog:
"Oi, eu me chamo Gabriel Neves, sou formado em jornalismo e criei esse blog com o objetivo de fazer com que nós homens possamos começar a refletir um pouco mais sobre nossas atitudes e conceitos em relação a nós mesmos e a sociedade”.
Gabriel dividiu o blog em temas como: moda, sexo, filmes/séries, saúde e outros. Ele aborda desde assuntos mais corriqueiros, como moda masculina para o carnaval, passando por melhores tatuagens para homenagear sua série favorita, até assuntos mais tabus, como no post sobre “Os benefícios do cinco contra um”, que aborda os benefícios da masturbação masculina.
Corroborando com a ideia de que o homem não pensa só com a “cabeça de baixo” a psicóloga e sexóloga Carol Vades afirma que, na verdade, não existe diferença entre a vontade sexual do homem e da mulher, o que pode existir é diferença entre a expressão dessa vontade. Ela explica que agir impulsivamente pela vontade sexual é natural, mas primeiro precisamos ter o desejo, algo comum a homens e mulheres.
“O desejo sexual (do homem) não tem a ver com o pênis. Ele não fica ereto o tempo todo, então isso significa que fisiologicamente o sangue só é bombeado para o pênis quando já existe um estímulo, só a partir daí ele pode começar a agir, digamos, por instinto”.
Para a especialista existe um novo padrão de exercício da masculinidade, que está mais ligada às mudanças nos padrões comportamentais. A ideia de que homem não chora, não tem sentimentos, não é vaidoso entre outros padrões, está cada vez mais obsoleta, segundo ela.
“Eu mesmo atendo vários pacientes do sexo masculino e vejo de perto como existem homens com valores ricos, que têm uma sensibilidade tão bonita. E quando chega uma mulher falando que homem não presta, eu respondo que ela está enganada, que existe sim homens com bons valores, que se cuidam e buscam melhorar”.
Gabriel, que investiu parte de suas economias no blog, não sabe se “pensar com a cabeça de cima” irá deixá-lo rico ou famoso, mas sabe que, de alguma forma, está contribuindo para quebra de estereótipos e padrões enraizados em nossa sociedade.
“Faço tudo de uma forma leve e que se comunica com meu público alvo. Se por acaso alguém gostar e se identificar com conteúdo, já vou ficar felizão”.
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